A ONU lançou na quinta (22), no México, um prêmio em memória dos jornalistas Miroslava Breach e Javier Valdez, assassinados em 2017, para reconhecer comunicadores por seu compromisso com a defesa da liberdade de expressão e dos direitos humanos.
O prêmio Breach-Valdez tem a intenção de “reconhecer a carreira de jornalistas mexicanos que mais se destacaram na defesa dos direitos humanos”, disse em coletiva de imprensa Giancarlo Summa, diretor do gabinete de Informação das Nações Unidas no México.
Breach, que era correspondente do jornal La Jornada no estado de Chihuahua (norte), era reconhecida por suas investigações das supostas ligações do poder político com o crime organizado.
Na sexta-feira marca-se um ano de seu assassinato a tiros, quando esperava seu filho dentro de seu carro.
Valdez, fundador do semanário Riodoce no estado de Sinaloa (norte), correspondente do La Jornada e colaborador da AFP durante uma década, também foi assassinado a tiros, perto de seu escritório em Culiacán.
Valdez quebrou o silêncio para denunciar o crime organizado em Sinaloa, reduto de Joaquín “El Chapo” Guzmán.
“Queremos combater o esquecimento, combater a normalização desta violência para que não fiquemos perguntando a cada mês quem será o próximo”, disse Jan Jarab, representante no México do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU.
Mais de 100 comunicadores foram assassinados no México desde 2000, tornando-o um dos países mais perigosos para o exercício do Jornalismo.
Em 2017 pelo menos 11 pessoas foram mortas, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras. Ao longo de 2018 já houve duas mortes, a última delas de Leobardo Vázquez, assassinado a tiros na noite de quarta-feira no estado de Veracruz, um dos mais perigosos para os comunicadores.
“Não há nenhum indício de que os crimes contra jornalistas vão parar. Que este prêmio sirva para que todos os jornalistas corajosos do país continuem batalhando”, declarou Griselda Triana, viúva de Valdez.
Este prêmio também é patrocinado pela Unesco, embaixada da França no México, AFP e Universidade Iberoamericana (privada).
Com isso, Sylvain Estibal, diretor da AFP México, acredita que poderão contribuir para dar “um reconhecimento internacional a jornalistas mexicanos. Revelar a situação da imprensa” neste país em uma época “perigosa e complicada” para os comunicadores.
O prêmio será entregue em 3 de maio, dia internacional da liberdade de expressão. Será concedida uma viagem a Paris, onde o vencedor participará de fóruns sobre liberdade de expressão, e uma bolsa para especialização em temas relacionados ao Jornalismo.