Foi de alta temperatura o clima esta semana no Congresso Nacional. A oposição (PSDB, DEM e PPS) anunciou ter encomendado estudos jurídicos para ver as possibilidades de se abrir processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Essa disposição ganhou força com a prisão, pela Policia Federal, do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, réu no processo da Operação Lava- Jato pelos crimes de corrupção, lavagem e formação de quadrilha.
O Ministério Público deixou transparecer, ao solicitar essa prisão, já dispor de fatos que comprovariam que recursos milionários desviados da Petrobras foram utilizados na campanha da reeleição da presidente, no ano passado. “O que estamos vendo é o agravamento da crise política e cada vez ela chegando mais próximo do governo e da própria presidente Dilma”-disse o senador Aécio Neves, presidente Nacional do PSDB.
Lideres de 23 movimentos sociais entregaram à oposição um documento com demandas que, segundo eles, vêm das ruas. Além do impeachment de Dilma, eles cobram, entre outros itens, fortalecimento da Policia Federal e do Ministério Público, e a redução do número de ministérios. E para tornar o clima mais tenso ainda o Tribunal de Contas da União aprovou, por unanimidade, relatório que considera ilegais as manobras da equipe econômica do primeiro governo Dilma, as chamadas “pedaladas fiscais” de 2013 e 2014. O Tesouro atrasou repasses de recursos a bancos públicos, infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. A oposição vai usar essa decisão do TCU como uma das justificativas do pedido de impeachment.
A presidente Dilma, desde que terceirizou a política para o vice-presidente Michel Temer e a economia ao ministro Joaquim Levy, se isolou no Palácio do Planalto. A prisão de Vaccari Neto levou-a a beira de um ataque de nervos. Argumenta ela que a direção do PT deveria tê-lo afastado da tesouraria assim que ele foi considerado réu no processo da Operação Lava Jato.
Há um temor no partido de que Vaccari, pressionado pela família, opte pela delação premiada. Sua esposa foi ouvida pela Policia Federal na quarta-feira. Lideres do PT insistem em dizer que a legenda está sendo vitima de perseguição política. O objetivo é incrimina-la e criminalizar as doações eleitorais que o partido recebeu legalmente das construtoras investigadas na Lava Jato.
Na Câmara dos Deputados, o clima ficou mais tenso ainda por conta das manifestações de ruas e das redes sociais, criticando o projeto de lei da terceirização. Vários partidos recuaram de suas decisões iniciais e passaram a exigir mais discussões sobre o tema. Essa mudança repentina de posição provocou o adiantamento da votação do projeto para próxima semana.