Uma coalizão de líderes da oposição e de sindicatos da Venezuela informou neste domingo que está convocando uma greve e protestos no país para a próxima terça-feira (22). A medida é uma reação ao anúncio feito na última sexta-feira (17) pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de um pacote de medidas voltadas a estabilizar a economia, que inclui a elevação dos salários em quase 6.000%, desvalorização da moeda local (o bolívar) em 96% e corte de subsídios à gasolina.
“As medidas anunciadas na sexta-feira não são um plano de recuperação da economia do país”, disse o líder oposicionista Andres Velasquez. “Ao contrário, representam mais fome, ruína, pobreza, sofrimento, dor, inflação e deterioração da economia”, acrescentou.
Empresários dizem temer que o repentino aumento dos salários pode inviabilizar o pagamento dos empregados sem aumento dos preços dos produtos, apesar de Maduro ter dito que ajudará pequenas e médias empresas nos primeiros três meses. Esta foi a quinta elevação do salário mínimo local neste ano, para o equivalente a cerca de US$ 30 ao mês, de US$ 1 por mês anteriormente.
O corte dos subsídios à gasolina, segundo Maduro, se destinam a evitar o contrabando do combustível local para países vizinhos. Ele não especificou de quanto seria a alta na gasolina.
As medidas devem elevar a inflação para além da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) neste ano, de 1.000.000%, disse Anabella Abadi, economista da consultoria ODH, sediada em Caracas.
Os bancos da Venezuela vão permanecer fechados nesta segunda-feira para se preparar para começar a distribuir a nova moeda, o “bolívar soberano”. Serão dois valores de moedas metálicas e notas que irão de 2 a até 500 bolívares soberanos. Uma nota de 2 bolívares equivalerá ao poder de compra de atuais 200.000 bolívares, enquanto a cédula de maior valor corresponderá a 50 milhões de bolívares.
As duas moedas, a antiga e a nova, permanecerão em circulação, juntas, por um período de transição.