A corda que colocaram no pescoço de Abraham Weintraub foi apertada no início da noite desta segunda, 15. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro recebia em reunião o seu ministro da Educação, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentava ao Supremo Tribunal Federal pedido de prisão contra o ministro.
A iniciativa, informa a Agência Senado, foi dirigida diretamente ao ministro Alexandre Moraes, relator no STF do inquérito das fake news. Além da prisão temporária ou preventiva de Weintraub, o senador pede o seu afastamento imediato, a busca e apreensão de celulares e computadores, a quebra do sigilo de dados e a tomada de depoimento do ministro.
“Esperamos que a mesma coragem que ele tem cercado por apoiadores também tenha diante da justiça”, afirmou Randolfe pelo Twitter. Para o senador, o ministro da Educação tem que explicar as declarações feitas na reunião ministerial de 22 de abril, quando afirmou: que “colocaria esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
No documento enviado ao STF, Randolfe atribui ao ministro “desprezo profundo” pelo STF e pelos seus ministros e diz que a conduta da reunião foi repetida no domingo (14), em manifestação de apoio ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e contra os demais Poderes. “Tais demonstrações graves de descaso pela democracia, pela diversidade, pelos Poderes Constitucionais não merecem prosperar, sendo necessária a atuação dos órgãos de controle”, argumenta.
Para o senador, algumas condutas de Weintraub se enquadram como crimes de responsabilidade e até mesmo como crimes previstos na Lei de Segurança Nacional, como tentar impedir o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos estados e fazer propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social.
Também no domingo, no encontro com manifestantes a favor do governo, o ministro da Educação afirmou não querer mais formar sociólogos, antropólogos e filósofos com dinheiro público e disse que esse dinheiro seja usado para formar mais médicos, enfermeiros, engenheiros e dentistas.
Outros dois senadores da oposição se manifestaram sobre o assunto. Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), considerou a fala do ministro preconceituosa e demonstra ignorância. “A obtusa e preconceituosa opinião do ministro reflete o seu temor maior: a sua identificação e aptidão em reproduzir os absurdos históricos cometidos contra a humanidade, e que são debatidos e analisados pelas ciências humanas”, publicou o senador nas redes sociais.
Já Humberto Costa (PT-PE) classificou Weintraub, como “um dos maiores irresponsáveis da República” e que, mais uma vez, atacou o STF e distribuiu ódio e preconceito. “Autoritário e ignorante, Weintraub vai passar para a história como o pior ministro da Educação do Brasil”, afirmou o senador.