Gestão na UTI
Oposição precisa se organizar e atacar turbulência de Lula 3

Nenhum brasileiro com um mínimo de neurônios em funcionamento pode duvidar da situação quase falimentar do governo de Luiz Inácio. Não há dúvida de que o presidente e líder do petismo está nas cordas, na UTI ou à beira do precipício. Entretanto, é o que temos. Foi o que a maioria escolheu. Mais para Lula lé lé, o chefe do Executivo federal ainda não carece de aparelhos para respirar. Ou seja, o quadro é menos desesperador do que anunciam os sanguinários adversários políticos, pessoais e espirituais. Todavia, afora os que só que desejam “comer o fígado” de Lula, há os que se movimentam em busca de alternativas capazes de novamente unificar o país.
Diante das negociações de bastidores da direita democrata, os que pensam como abutres na carniça e que atuam para desestabilizar a gestão talvez não tenham sequer tempo de se mostrarem para o grande público como candidatos a salvadores da pátria em 2026. É claro que todos têm o direito de se manifestar, de se candidatar, de criticar os antagônicos e, principalmente, de ser contrário ao que está posto. Inaceitável é a crítica gratuita e estimuladora do caos. É verdade que o governo não é bom e que está aos peidos. Para sorte do povo, pelo menos ainda não pode ser considerado tão ruim como foi o pior que já tivemos em tempos remotos.
Torcer pela catástrofe é condenar o país ao fracasso irremediável. Não tenho vinculações partidárias, mas não é demais lembrar que o ex-presidente Jair Messias teve oposição exclusivamente no campo das ideias e das propostas que nunca apresentou. Foram quatro anos da gestão conservadora e personalista. Nesse período, não me lembro de ter visto manifestações semanais na Avenida Atlântica ou na Avenida Paulista para derrubar o governo ou para questionar seus métodos. Nem mesmo as mais de 700 mil mortes decorrentes da má condução da pandemia de Covid mereceram faixas e cartazes do tipo “Morra Bolsonaro”.
Basta consultar o noticiário para ter a certeza de que a maioria das críticas foi por causa da verborragia caduca, destrambelhada e nociva do então presidente. Pontuais, até onde eu sei nenhuma contra a saúde física ou contra a vida de Jair Messias. O que se questionava à época tinha a ver com o emocional violento do ex-mandatário. Independentemente dos posicionamentos administrativos e ideológicos, todos tinham de se ajoelhar diante de sua excelência, sob pena de serem xingados, ameaçados e agredidos publicamente. A moeda de troca era a subserviência.
Como se imaginou o rei da cocada preta, não se reelegeu por sua máxima culpa. Luiz Inácio estava morto e quase enterrado. Portanto, reitero que, apesar das doses diárias de tarjas pretas, Lula ainda opera no azul e, dizem os bajuladores, muito disposto a recuperar o vermelho. Só o tempo para responder se ele conseguirá se manter de pé no ringue ou se vai preferir o nocaute. Embora os parasitas e obsessores continuem rondando os palácios do Planalto e da Alvorada, por enquanto o presidente eleito segue firme, com o suor descendo por todos os poros e o sangue jorrando de encontro à palidez dos vampiros.
Que se apresentem os da direita, esquerda ou do centro. Aparentemente os nomes são fortes. As cartas estão na mesa. Sem medo de errar, adianto que aquela corrente que optar pela briga interna e a consequente fragmentação terá chances bem próximas de zero. Até agora somente uma situação é irreversível: a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. O mau momento de Luiz Inácio é público e pode não ser definitivo. Como dizem alguns pré-candidatos, o governo Lula é um avião em queda livre. Todavia, bem ou mal pilotada, a aeronave ainda não tocou o solo. Do lado de fora, os controladores de voo de bom senso anunciam turbulências, mas, como bons samaritanos, aguardam somente a mudança do tempo para, enfim, habilitar um novo piloto.
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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
