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Orçamento secreto é saco de corrupção do governo Bolsonaro

O Congresso Nacional retoma as atividades após o recesso. Presentes na solenidade: presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara, Arthur Lira e o presidente do STF, Luiz Fux

Quando Arthur Lira, presidente da Câmara, vestiu uma camisa polo azul com o nome de Bolsonaro e o número de urna do partido PL durante a convenção da sigla em junho, o escândalo do orçamento secreto = Bolsolão = corrupção já havia sido revelado pelo jornalista Breno Pires, à época no jornal O Estado de S. Paulo, hoje na revista piauí, no início de maio de 2021.

Lira foi exaltado pelo chefe do Executivo na ocasião três vezes. “Cabra da peste” e “irmão de longa data” foram termos usados para qualificar o aliado, cujo projeto político de seguir na presidência da Câmara em 2023 está vinculado à reeleição do capitão do “pintou um clima”.

Mas Lira é muito mais do que um “cabra da peste” de Bolsonaro. Ele é também o atual fiador das emendas de relator (RP9), uma terminologia que a maioria do povo não entende, mas que se transformou nesta eleição num mecanismo central de barganhas políticas no governo, sobretudo favorecendo deputados ligados ao fisiologista Centrão.

Portanto, se reeleitos, eles darão continuidade ao projeto chamado por Simone Tebet (MDB) de “maior esquema de corrupção do planeta Terra”, onde para seduzir votos, um parlamentar tem de se manter fiel à dupla. E Bolsonaro sabe que a prática fere a autonomia do executivo na gestão orçamentária e que é inconstitucional. Ele sabe pois foi alertado mais de uma vez pela sua equipe econômica.

O diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão, avalia que o esquema das emendas de relator (RP9) = orçamento secreto = Bolsolão = corrupção, é o “maior processo de institucionalização da corrupção que se tem registro no país”. E esse é um ponto central do nosso futuro como nação. As pessoas cada vez menos se envergonham do absurdo, seja ele praticado por si mesmo, ou por outras pessoas.

E por mais que Bolsonaro diga que não tem nada a ver com o esquema do orçamento secreto = Bolsolão = corrupção, está documentado e assinado por ele. Quando? Em 3 de dezembro de 2019, a Presidência da República enviou ao Congresso uma mensagem, de nº 638, assinada pelo capitão e uma exposição de motivos, assinada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos — que é Militar! —, da Secretaria de Governo da Presidência, dando aval ao esquema. Ramos dizia que as emendas turbinadas iriam “aprimorar a gestão no âmbito da execução de convênios, de contratos de repasse”.

Uma frase um tanto difícil de entender significa a permissão para que deputados e senadores destinem recursos federais bilionários a suas bases eleitorais sem que haja transparência sobre o repasse da verba, situação que tem sido investigada pela imprensa, como também mostrou a Agência Pública — e vem mais denúncia nossa por aí!

Bolsonaro, quando trata do tema, sempre cai em contradição. Ele deu a entender ao vivo no último debate da TV Bandeirantes que comprou parlamentares com orçamento secreto = Bolsolão = corrupção quando diz que “votam com ele” quem recebe do orçamento. “Vamos supor que o senhor seja deputado: se você recebeu dinheiro do orçamento secreto, você vai votar comigo”, disse.

Você que me lê neste momento e que tem ojeriza e nojo da corrupção vai concordar com isso? Bolsonaro institucionalizou a corrupção com ajuda de Arthur Lira e do Centrão. Para 2023, o montante para o esquema terá mais de R$ 19 bilhões. Neste ano, foram R$ 16,5 bilhões. Vem aumentando ano a ano.

Estamos aqui todos os dias como grilos falantes revelando e denunciando que Bolsonaro e seu núcleo político são algozes da civilização, que representam a barbárie. Que no país de Bolsonaro a verdade se tornou inacreditável. Mas não se deixe enganar: às emendas de relator (RP9) = orçamento secreto = Bolsolão = corrupção tem um pai e responsável: seu nome é Jair Bolsonaro.

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