Curta nossa página


Baleia assassina

Orcas estão assustando portugueses e espanhóis

Publicado

Autor/Imagem:
Victoria Gill/BBC News, com edição de Bartô Granja

“Não me assusto facilmente, mas aquilo foi assustador”, diz o capitão David Smith, rememorando uma noite de outubro quando seu barco foi abordado por animais que a princípio pareciam golfinhos.

Logo ficou claro que eram muito maiores do que os golfinhos, e se comportavam de maneira muito estranha. “Eu olhei para o animal, muito preto e branco brilhante.”

Por cerca de duas horas, um grupo de baleias assassinas bateu na parte inferior do iate de 45 pés (13,7 m) que navegava ao largo da costa de Portugal.

“Foi sem parar”, diz ele. “Acho que eram seis ou sete animais, mas parecia que os mais jovens, os menores, eram os mais ativos. Pareciam mirar o leme, e o timão simplesmente começava a girar muito rápido toda vez que havia um impacto.”

O trabalho de David é entregar novos barcos onde os proprietários os querem ancorados. Nesse caso, ele fazia parte de uma equipe de entrega de um catamarã que seguia da França para Gibraltar.

Uma hora antes do pôr do sol, um dos tripulantes gritou. “Parece que temos alguns golfinhos grandes por aqui.”

Até então, o único encontro que David havia tido com uma orca se deu há mais de 20 anos em um aquário de Vancouver, mas no segundo encontro não tinha dúvidas de que estava olhando para um grupo das chamadas baleias assassinas.

Uma sensação de curiosidade e excitação rapidamente se transformou em medo quando uma orca desapareceu sob o barco e houve um forte som de batidas no casco.

O barco estava a quase 30 km de Porto, cerca de três horas da costa portuguesa. Com o rádio VHF fora de alcance, tiveram que usar o telefone via satélite para entrar em contato com a guarda costeira, que os aconselhou a desligar o motor e retirar as velas. Seja o mais “desinteressante” possível, disseram.

“Então estávamos apenas à deriva. Mas, enquanto estava ao telefone, pude ouvi-los batendo no barco. Em um ponto, um dos animais maiores veio direto para a popa e virou de costas. Dava para ver sua parte inferior branca e brilhante.”

As batidas repetidas, por mais perturbadoras que fossem, não eram o maior medo de David. Enquanto o timão girava para lá e para cá, ele pensou que os animais estariam prestes a deslocar o cabo do leme.

“Se isso quebrar, você está realmente em apuros”, diz ele. “Definitivamente, estava me preparando para pedir à guarda costeira portuguesa que enviasse um helicóptero para nos resgatar.”

O episódio descrito por David é um de pelo menos 40 incidentes semelhantes na região. Durante o verão de 2020, um grupo de orcas na costa da Espanha e de Portugal começou a agir de maneira bastante estranha.

Os relatos apontavam que os animais visavam deliberadamente os barcos à vela. Como diz David: “Eles vieram até nós, não o contrário”.

O primeiro incidente relatado foi em julho, e o mais recente, no final de outubro.

Por trás das manchetes ao redor do mundo sobre “baleias assassinas”, ataques de orcas “orquestrados” e vídeos compartilhados milhares de vezes nas redes sociais, há uma investigação científica marinha forense que ainda está tentando descobrir o que está levando esses complexos, inteligentes e altamente sociais mamíferos marinhos a se comportem dessa maneira.

‘Eu simplesmente não podia acreditar’
À medida que escurecia, os baques reverberantes sob o barco continuavam. De repente, David percebeu as luzes de um barco de pesca à distância.

“Levantamos a vela, com a ideia de que, se as coisas realmente dessem errado, teríamos outro barco para embarcar.”

Finalmente, depois de duas horas, de uma forma tão inesperada quanto começou, tudo ficou em silêncio. Nenhum som por cinco minutos, depois dez minutos sem barulho. O timão havia parado de girar.

“Depois de quase uma hora, estávamos confiantes de que eles haviam nos deixado.”

A tripulação então moveu o barco para mais perto da costa, até o rádio voltar a ter alcance. Quando chegaram a Gibraltar para uma avaliação mais completa de danos, o barco tornou-se mais uma prova na investigação em curso.

Não é incomum ver orcas nessas águas do Atlântico. Durante milênios, elas perseguiram sua presa favorita, o atum-rabilho, enquanto migravam ao longo das centenas de quilômetros da costa portuguesa e espanhola, e através do estreito estreito de Gibraltar, para se reproduzir nas águas mais quentes do mar Mediterrâneo.

O relacionamento dos humanos com essas orcas, no entanto, tem estado por um fio desde que começamos a pescar mais do ultravalorizado atum-rabilho do que parece ser sustentável.

Cerca de 60 baleias assassinas vivem nessas águas hoje, mas o número era 39 em 2011, um declínio que a organização conservacionista espanhola Circe associou a uma queda nos estoques de atum-rabilho.

Em 2010, autoridades regulatórias internacionais reduziram o montante permitido de captura anual no Mediterrâneo. E, à medida que o atum-rabilho se recuperava gradualmente, o mesmo acontecia com as baleias assassinas.

Mas a sobrevivência da espécie continua precária. Esta população específica de orcas está listada como criticamente ameaçada e protegida por lei. Mas a crise de conservação não explica por que alguns desses animais de repente começaram a se comportar de forma tão bizarra e aparentemente agressiva perto de barcos.

“No início eu simplesmente não acreditei”, diz Ruth Esteban, cientista marinha de fala mansa que escolhe as palavras com cuidado, não querendo especular sobre algo tão complexo como o comportamento de uma orca.

Ruth trabalha no Museu da Baleia da Madeira, mas estudou esta população de orcas durante os seis anos de seu doutorado.

“Essas baleias assassinas estão sempre curiosas sobre os barcos e vão se aproximar deles. Mas tocá-los e causar estragos? Eu pensava que as pessoas só estavam com medo e interpretavam mal o que estava acontecendo.”

Mas os relatos só aumentaram.

Em julho, uma embarcação a vela teve que ser rebocada de volta para a costa depois que um grupo de orcas danificou o leme. Em agosto, um navio de bandeira francesa comunicou por rádio à guarda costeira que estava “sob ataque” de baleias assassinas.

Mais tarde, naquele mesmo dia, um iate espanhol, Mirfak, perdeu parte de seu leme após um encontro com orcas. Um vídeo desse incidente mostrou a tripulação tentando deixar para trás os animais, que pareciam perseguir o barco.

Em setembro, um homem que viajava da Espanha em seu barco de volta para a Escócia de repente teve o timão girando de suas mãos. Uma baleia assassina surgiu na lateral do barco e, por 45 minutos, os animais bateram e mastigaram o leme, fazendo o barco girar.

“Está ficando cada vez pior”, diz Renaud de Stephanis, biólogo envolvido na investigação.

Renaud e Ruth costumavam trabalhar juntos na pesquisa de orcas. Ele estuda essa população de baleias assassinas desde os anos 1990 e, por meio de sua organização de pesquisa conservacionista, Circe, realizou um trabalho que ajudou os animais a obterem o atual status de proteção oficial.

Os dois cientistas agora fazem parte de um grupo que realiza uma investigação informal sobre esse comportamento estranho e potencialmente perigoso.

Identificando os envolvidos
Em setembro, os pesquisadores começaram a reunir evidências sobre o fenômeno. Eles compararam as imagens dos incidentes com um catálogo de imagens capturadas e usadas pelo Circe para identificar os animais. Cada uma das orcas tem um formato único atrás de sua barbatana dorsal, que da superfície serve como uma “impressão digital”.

Fotos e vídeos mostraram que três indivíduos estiveram envolvidos na maioria dos incidentes: machos jovens nomeados no registro oficial como Gladis Negra, Gladis Branca e Gladis Cinza.

As baleias assassinas vivem, caçam e se movem em grupos familiares intimamente ligados: grupos fortemente unidos, liderados por matriarcas que, em algumas populações, demonstraram ter até dialetos próprios do grupo.

As famílias geralmente ficam muito próximas, com avós longevas que ajudam a criar os filhotes e os ensinam a caçar. Os machos vagam, misturando-se e acasalando-se com outros animais. Até agora, os pesquisadores não descobriram a qual família “os três Gladis” pertencem.

Os cientistas publicaram suas conclusões sobre a identidade dos “culpados”, e imediatamente surgiram notícias sobre “saqueadores adolescentes”.

A cobertura da mídia ficou mais estranha e sombria quando os cientistas também revelaram que Gladis Branca tinha um ferimento bastante grave na cabeça: um corte que parecia ter sido causado por um barco, possivelmente por uma hélice.

Esta revelação fez com que as manchetes aumentassem um nível antropomórfico do fenômeno: as baleias assassinas estariam “orquestrando ataques de vingança”, disseram os tabloides New York Post, dos EUA, e The Sun, do Reino Unido.

Nas redes sociais, em meio a GIFs e memes sobre o confronto no oceano, houve comentários sugerindo que as pessoas em seus iates deveriam “ficar em suas mansões” e que as orcas haviam se alistado em uma “luta contra os proprietários de iates”.

Ruth não dá muito crédito à ideia de orcas vingativas porque não dá para saber o que aconteceu primeiro: o ferimento ou o primeiro incidente com um barco.

Mas há uma conclusão que os cientistas tiraram com segurança do estudo e de seus anos de observação dessas baleias assassinas: elas estavam brincando.

Brincadeira perigosa?
“Elas sempre parecem mirar o leme, e eu acredito que isso acontece porque é a parte móvel do barco”, explica Ruth. “Em alguns casos, elas podem mover o barco inteiro com ele. Nós vemos em alguns vídeos o barco girando quase 180 graus.”

“Se elas percebem que têm o poder de mover realmente grande, talvez isso as tenha impressionado.”

As conclusões da investigação e as recomendações para barcos sobre como evitar essas interações potencialmente perigosas dependem da compreensão do que impulsiona o comportamento desses animais.

Mas cientistas, documentaristas ou marinheiros conseguiriam entender a mente de um predador marinho tão complexo e inteligente?

Muitos tentaram. Enquanto as orcas eram historicamente caçadas e vistas pelas comunidades pesqueiras como “pragas” perigosas, a década de 1960 viu o início do que era indiscutivelmente uma fascinação igualmente perigosa pelos animais.

Ao longo das décadas de 1960 e 70, orcas eram capturadas para exibição em parques aquáticos e realizar truques com treinadores para o deleite de milhares de espectadores.

Os conservacionistas fizeram campanhas contra o cativeiro de orcas por décadas. Mas uma baleia assassina, Tilikum, que passou a maior parte de sua vida no SeaWorld na Flórida, alçou o problema para os holofotes globais quando se envolveu na morte de três pessoas.

O filme Blackfish, de 2013, alegava que Tilikum sofreu um trauma mental por causa da vida em cativeiro, e isso o levou a atacar pessoas.

A vida sozinha em uma piscina de concreto certamente tem pouca ou nenhuma semelhança com a existência natural de uma orca selvagem.

Esses animais vivem, migram e socializam em grupos familiares intimamente ligados que desenvolveram diferentes técnicas de caça e modos de comunicação.

Algumas populações comem apenas peixes, preferindo um tipo específico. Outros trabalharão juntos para caçar outras baleias, às vezes muito maiores.

Quando as baleias assassinas na costa espanhola estão perseguindo atuns, elas podem persegui-los até que os peixes acabem. Pesquisadores também observaram algumas orcas parecem “celebrar” após mortes.

“Eu os vi caçando”, diz Renaud.

“Quando eles caçam, você não os ouve ou vê. Eles são furtivos, eles se aproximam sorrateiramente de suas presas. Eu os vi atacando cachalotes, isso muito agressivo. Mas nesse caso eles estão brincando”, diz ele sobre os encontros recentes entre orcas e barcos.

Não há registros de orcas matando humanos. Ainda assim, mesmo as brincadeiras podem ser assustadoras.

“Eles podem pesar de 4 a 5 toneladas, e quando brincam, brincam pra valer”, diz Renaud.

Outras espécies podem ser alvos disso. Existem registros de orcas batendo em pássaros marinhos com suas nadadeiras e repetidamente os pegando e soltando em suas bocas.

Como predadores do topo da cadeia alimentar, agressão, domínio e demonstrações de força são provavelmente os elementos-chave de qualquer “jogo” de formação.

E, se tratando de alguns dos animais mais sociais da Terra, Michael Weiss, da Universidade de Exeter e do Centro de Pesquisa de Baleias, afirma: “Quando eles brincam juntos, podem estar construindo laços sociais importantes”.

Mas para David, capitão de um barco que foi alvo de um grupo de baleias assassinas, a palavra “brincar” parece desconfortável para descrever o que ele sentiu naquela noite.

“Eu só acho isso estranho. A força que vimos deve ter machucado esses animais”, afirma.

A mente de uma baleia assassina
A neurocientista Lori Marino, presidente do Projeto Santuário de Baleias, é uma das poucas pessoas que viu o interior do cérebro de uma baleia assassina. Ela e seus colegas escanearam o cérebro de uma orca que havia morrido em cativeiro em 2004.

“Partes de seus cérebros, como o sistema límbico, que você pode conceber como o processador emocional, são compartilhadas conosco”, explica.

Portanto, o comportamento orca que parece raiva, tristeza ou alegria é “provavelmente exatamente o que eles estão vivenciando”.

Lori acha equivocado entender a espécie como um todo ao tentar agrupar seu comportamento em categorias simplistas como bom ou mau, agressivo ou brincalhão. “Nós os transformamos em caricaturas”, diz.

Mas há um motivo maior para Ruth, Renaud e equipe tentarem adequar os termos que têm sido associados a esses incidentes.

“Foi realmente assustador para as pessoas, eu posso entender isso Mas não queremos chamar isso de ataque. Chamamos isso de interação”, diz Ruth.

Para ela, a linguagem usada em veículos jornalísticos e postagens em redes sociais — até mesmo pela Guarda Costeira — tem sido errada.

Ela e outros pesquisadores temem que essas descrições possam ser um passo em uma jornada em direção a uma perseguição a orcas que já são criticamente ameaçadas de extinção.

Renaud, porém, admite estar frustrado e preocupado com o comportamento das orcas.

“Pelo que estou vendo, isso tudo ocorre principalmente com dois [os Gladis], que parecem estar ficando loucos”, diz ele. “Eles apenas brincam, brincam e brincam. E a brincadeira está cada vez pior.”

“Eles amam isso. E não sei por quê”, ele suspira. “Parece ser algo que eles realmente gostam e é isso.”

Nenhum humano foi ferido em qualquer um desses incidentes e, a conselho dos cientistas, a Guarda Costeira modificou sua linguagem.

Apesar disso, alguns comportamentos mais recentes estão gerando uma grande preocupação em cientistas.

Recentemente, baleias assassinas — supostamente as Gladis — colidiram com dois barcos de pesca na costa portuguesa.

Isso pode ser um ponto de inflexão que pode colocar os animais em conflito direto com pescadores, que podem ver ameaçados seus meios de subsistência e sua segurança.

É uma situação que está ocorrendo em todo o mundo. Predadores, incluindo leopardos, tigres e lobos, estão envolvidos em conflitos com humanos que estão colocando sua sobrevivência em xeque.

Especialistas que estudam alguns dos conflitos homem-vida selvagem mais intratáveis ​​do mundo, onde as pessoas podem sentir que suas vidas estão ameaçadas pela proximidade de grandes predadores e que sua única opção é matá-los, afirmam que a “linguagem provocativa” alimenta essas situações.

Michael acha que há algo fundamental em nossa mentalidade em relação a grandes predadores.

“Se eles começarem a se comportar de uma maneira que não gostamos, eles serão maus, agressivos e perversos. Mas estaríamos errados em impor nosso senso de certo e errado a qualquer outro animal, ainda mais a uma espécie com seu próprio senso de cultura desenvolvido.”

Lori diz que os humanos não podem nem imaginar como as baleias assassinas vivenciam o mundo.

Elas não apenas veem o mundo, mas o ouvem, ecolocalizando e construindo uma imagem de seu mundo com base em um fluxo de informações visuais e acústicas que são processadas ao mesmo tempo.

“E a capacidade delas de processar informações é muito mais rápida do que a nossa”, diz ela. “Se você observar como elas respondem uns aos outros quando estão em um grupo, há uma perfeita interação entre elas.”

Em outras palavras, elas podem estar em sincronia de maneiras que nossos próprios cérebros não estão programados para compreender.

Resolvendo o mistério
Independentemente de como os descrevemos e do nosso julgamento centrado numa perspectiva humana, essas cutucadas, mordidas e batidas em barcos são um comportamento novo e potencialmente perigoso — tanto para as pessoas nos barcos quanto para as baleias assassinas.

Isso levou a guarda costeira portuguesa a proibir pequenos navios à vela em um trecho do mar onde alguns dos incidentes foram registrados.

O enigma biológico de por que isso está acontecendo continua em aberto.

Embora Renaud ainda rejeite a ideia de orcas vingativas — ou mesmo que as baleias assassinas queiram danificar os barcos —, ele se baseia em décadas de pesquisas ao sugerir que isso pode ser parte de uma mudança cultural que está na verdade ajudando os animais a sobreviverem.

Em meados da década de 1990, Renaud e seus colegas notaram que um desses grupos de orcas tinha começado a roubar atum de atuneiros, comendo o atum-rabilho do final de palangres que se arrastam na água.

Como as baleias assassinas aprendem umas com as outras, os animais jovens daquele grupo aprenderam o mesmo truque.

O grupo que “descobriu” como tirar o atum-rabilho das linhas de pesca aumentou em número. E o número de “furtos” dos barcos também cresceu.

“Ainda não tenho as provas”, diz ele, “mas colocaria minha mão no fogo e diria que este é o lugar de onde vieram as duas Gladis”.

É muito provável que a pesca excessiva tenha sido um motivador para que essas baleias assassinas culturalmente conservadoras desenvolvessem uma cultura predatória totalmente nova: buscar linhas de onde tirar peixes.

Mas a pesca excessiva levou as orcas mais jovens a brincarem com barcos? Elas viram mães e avós tirando atum de longas filas e adotaram sua própria versão adolescente dessa tradição familiar?

“Elas são jovens do sexo masculino, e vão ser indisciplinadas”, diz Lori. “Pode haver um elemento de brincadeira, pode haver um elemento de agressão, de tentar se afirmar.”

Mas dizer que eles são apenas cruéis e calculistas ou que são apenas indisciplinados e brincalhões, acrescenta, é um desserviço.

“A verdade real não é nenhuma dessas coisas. Elas são capazes de crueldade, são capazes de bondade, são capazes de todos os tipos de coisas, assim como os humanos. Não podemos caracterizá-las em uma só dimensão. Essa é uma lição importante para aprendermos.”

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.