Uma área do governo Lula 3 em que nada deve mudar neste domeço de ano é a economia. Mesmo com sete dos nove diretores do Banco Central indicados pelo Planalto já sob a gestão de Gabriel Galípolo, nada no horizonte indica uma reversão das altas taxas de juros.
Ao contrário, o mercado já aposta que a Selic deve aumentar entre 0,5 e 1,25% em maio e o ‘novo’ BC mantém a mesma orientação de seu antecessor – condicionar a redução da taxa à redução de investimentos sociais do governo, além de culpar o crescimento econômico pela inflação.
O mais grave é que, apesar de Lula definir o legado de Campos Neto como uma aarapucaa, o Planalto parece ter adotado a linha do ‘aceita que dói menos’.
Fernando Haddad não apenas elogiou que a alta de juros deve baixar a inflação rapidamente, como entre os projetos prioritários do Congresso estão dois que acentuam a lógica de financeirização: o e-social ou e-agiota, que permitem usar o FGTS como garantia para a babilônia do crédito consignado, e a autorização para que os adolescentes que recebem o Pé-de-Meia possam investir no Tesouro Direto.
Com o centrão e a Faria Lima ocupando os espaços reais de decisão e repartindo o orçamento da União entre emendas e pagamento da dívida pública, sobra pouco para o governo federal. Vide o tema do preço dos alimentos, que depois de ensaiar algumas ideias e nem cogitar uma política de estoques reguladores através da CONAB, a posição do governo é aceitar a recomendação do mercado – esperar que o dólar baixe e contar que a melhora da safra se converta em preços mais baixos ao consumidor.
Sem mexer na Selic, nem na inflação, o que sobra para o governo, sem pedir autorização a ninguém, é discutir a sua própria comunicação, única coisa sob nova direção em 2025. A nova diretriz inclui mais viagens pelo país e bastante energia gasta com uma guerra de bonés.
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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile produzem o boletim O Ponto para o MST