Por trás do candidato
Os aliados sujos que pedem votos para Ibaneis Rocha
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emO versículo bíblico ‘Dize-me com quem andas que te direi quem és’, está na boca do eleitor brasiliense. À medida em que se aproxima o dia da eleição crescem os ataques entre candidatos. De corrupto a mentiroso, passando por incapaz, vale tudo. Mas é importante também saber quem está apoiando quem. E quando os nomes sujos aparecem, os candidatos passam a viver um verdadeiro calvário.
Notibras começa a apresentar uma série de reportagens sobre quem está por trás dos candidatos que disputam o Palácio do Buriti. É o caso do advogado Ibaneis Rocha, que postula a cadeira de governador na coligação encabeçada pelo MDB e PP. Muitos dos seus apoiadores são figuras espúrias do mundo político. Se não passaram pelas portas das cadeias, chegaram perto, após denúncias do Ministério Público e investigações policiais.
São nomes carimbados flagrados em atos de corrupção. E como em política quem apoia sempre é apoiado em caso de vitória do apadrinhado, teme-se, numa eventual chegada de Ibaneis Rocha ao comando do Governo do Distrito Federal, que velhas raposas políticas voltem a ocupar o noticiário das páginas policiais com suas práticas nada republicanas.
Tem gente do bem (como ele próprio) ao lado de Ibaneis, é verdade. Mas há também os capetas mandados de volta para o inferno em que se transformou a então pré-candidatura de Jofran Frejat. A lista é grande. Passa pelo Palácio do Planalto, dá uma esticada ao Piauí e deságua nos templos evangélicos e grandes grupos empresariais de Brasília.
Maior expressão do MDB – na condição de presidente da República -, Michel Temer, o dirigente mais rejeitado na história contemporânea do País, defende com unhas e dentes a candidatura de Ibaneis. Investigado pela Polícia Federal, ele é acusado de supostas práticas de corrupção.
Outro velho aliado de Ibaneis Rocha é o senador piauiense Ciro Nogueira (PP), que viveu parte da sua infância em Brasília. Presidente nacional da legenda que abriga outros apoiadores do candidato do MDB, Ciro Nogueira tem uma fila imensa de ações que tramitam contra ele no Supremo Tribunal Federal.
No quintal e ao redor de Ibaneis, vive Tadeu Filippelli. Ex-vice-governador e presidente regional do MDB, Filippelli foi preso em sua residência no Lago Sul (de onde saiu encapuzado escoltado pela polícia) por supostas vantagens na construção do Estádio Mané Garrincha. Ex-assessor de Temer, por quem foi demitido imediatamente após a prisão, concorre a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Se desgraça pouca é bobagem, tem mais gente de passado nebuloso ao lado de Ibaneis. Um deles é o ex-deputado distrital Júnior Brunelli, que ficou famoso com a oração da propina. Seu destino também foi a cadeia, em uma entre tantas operações policiais que envolveram e envolvem aliados do candidato do MDB. Acusado de ter desviado 1 milhão 700 mil reais de emendas parlamentares, ele passou dois dias foragido até a decisão de se entregar à polícia. Os recursos desviados seriam destinados originalmente a uma casa de apoio a idosos.
Entra ano sai ano, e as bombas explodem no colo de aliados de Ibaneis. Como em 2004, quando o então presidente da Câmara Legislativa, Benício Tavares, foi denunciado por garotas menores de idade de promover orgias sexuais. Segundo depoimentos prestados pelas vítimas à época do episódio, Benício era um dos mais atuantes na exploração das adolescentes.
Mas Ibaneis também tem ao lado dele amigas suspeitas. Como a deputada distrital Celina Leão (PP) que tenta dar um salto maior e chegar à Câmara Federal. Ela é uma das denunciadas na Operação Drácon, que apurou corrupção na Câmara Legislativa, com a suposta cobrança de propinas para liberar emendas para a área da saúde pública. O esquema envolveria outros deputados, e teriam sangrado os cofres públicos em mais de 30 milhões de reais.
Outro aliado de Ibaneis Rocha que andou aprontando das suas quando era deputado distrital, é o empresário Leonardo Prudente. Pai do deputado Rafael Prudente (MDB), que tenta a reeleição, Leonardo foi acusado de participar do Mensalão do DEM em Brasília. Flagrado escondendo dinheiro nas meias, ele foi afastado da presidência da Câmara Legislativa.
Fechando o ciclo, tem o deputado federal Rôney Nemer (PP), que desistiu de tentar mais um mandato em função de problemas com a Justiça. Também condenado à época do Mensalão do DEM, Rôney foi obrigado a devolver aos cofres públicos mais de 800 mil reais.
Se Richard Nixon, ex-presidente dos Estados Unidos, tinha ‘todos os seus homens’, Ibaneis Rocha tem os seus apoiadores. Nixon foi obrigado a renunciar. Ibaneis, porém, não é governador. Apenas disputa o cargo. Mas, se o provérbio bíblico é para valer, sabe-se lá o que vem pela frente…