Os líderes da Otan concordaram em manter 300 mil soldados num estado de elevada prontidão para uma possível guerra com a Rússia, segundo uma fonte da Organização do Tratado do Atlântico Norte. “As ofertas dos aliados na mesa excedem confortavelmente os 300 mil militares que estabelecemos”, disse um alto funcionário da Aliança, sob condição de anonimato, detalhando que os aliados garantiram que essas forças “ estão disponíveis […] a partir de agora.”
Os principais líderes do bloco militar alertaram repetidamente que os governos ocidentais devem preparar-se para um conflito com a Rússia nas próximas duas décadas. A iniciativa de ter mais tropas prontas para responder rapidamente faz parte de uma revisão mais ampla dos planos da Aliança Atlântica para evitar qualquer possível ataque russo, que foi aprovada numa cimeira no ano passado.
A Otan está expandindo as rotas logísticas terrestres para enviar tropas e blindados americanos para as linhas da frente no caso de uma invasão russa a um Estado membro da organização. Segundo os planos da Aliança Atlântica, as tropas dos EUA seriam enviadas para o porto de Roterdã, na Holanda, antes de serem transportadas de comboio para as fronteiras russas.
Mas também estão sendo feitos acordos “nos bastidores” para expandir as rotas para outros portos no continente europeu, com o objetivo de garantir que as forças de Moscou não possam cortar a linha terrestre de comunicações.
Agora, os comandantes da Otan estão tentando garantir que têm capacidade para executar esses planos, se necessário. No entanto, o bloco sofre de deficiências em armas essenciais, como defesas aéreas e mísseis de longo alcance.
“Existem lacunas de capacidade. Há coisas que não temos o suficiente como aliança neste momento e que precisamos resolver”, disse o funcionário.
Na quarta-feira, o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, destacou os esforços da aliança para adaptar os seus arsenais nucleares às ameaças atuais, numa rara referência às armas nucleares no coletivo. Ele lembrou que a Holanda se tornou a primeira nação europeia a equipar os seus caças stealth F-35 com capacidade de ataque nuclear e acrescentou que os Estados Unidos estão a modernizar as suas armas nucleares na Europa.
Os seus comentários foram feitos um dia depois de a Rússia e a Bielorrússia terem iniciado uma segunda fase de exercícios militares destinados a treinar as suas tropas no uso de armas nucleares tácticas, como parte dos esforços do Kremlin para desencorajar o Ocidente de aumentar o seu apoio à Ucrânia.
A Rússia levantou a possibilidade de utilizar armas nucleares para se defender em situações extremas. O país euro-asiático acusa Washington e os seus aliados europeus de levarem o mundo à beira de uma guerra nuclear, ao dar à Ucrânia bilhões de dólares em armas, algumas das quais estão a ser utilizadas contra o território russo.