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D de Democracia

Outubro, 30; dia de acender a luz e sacudir o pó que nos incomoda

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso/Especial para Notibras - Foto de Arquivo

Muito mais do que eleger um presidente da República para os próximos quatro anos, o voto a ser depositado hoje na urna eletrônica representa efetivamente a perenidade política do país. Próximos do precipício, ainda podemos nos livrar do abismo. Basta que, ao apertar o confirma na urna eletrônica, pensemos mais uma vez se queremos ou não ter futuro. E o futuro da paz, da sensatez e da democracia não pode ser negociado por auxílios ou benesses de natureza escusa. Embora estejamos entre a cruz e a caldeira, não há como esquecer que o jogo é entre o time da tirania e do ódio contra o da liberdade e da esperança. Portanto, voltemos no tempo e atentemos para o detalhe que nosso voto é o do sentimento e da reciclagem eleitoral contra a mesmice e a estupidez. Votar significa, principalmente, lutar pela nossa reinclusão ou aceitar a exclusão definitiva do Brasil do cenário econômico-social do mundo globalizado. Qual é a nossa escolha?

Ainda mais relevante é que, dependendo do resultado deste domingo, 30, saberemos com exatidão se teremos ou não eleições livres em 2026. Na verdade, ficaremos sabendo se realmente haverá a próxima eleição. Nesse sentido, o simbolismo do gesto de cada um dos 156 milhões de eleitores ultrapassa o conceito simples de civismo. Sem emoções e despreocupados com as ameaças, é chegada a hora de sacudir o pó daquilo que nos incomoda mais do que beneficia. É deixar partir aquilo que não nos acrescenta e ignorar aquele que não nos representa. Mais importante do que tudo, é acender a nossa luz e abrir o coração para novas e boas histórias, com a liberdade de falar, pensar, sentir, amar e ter novas esperanças. Claro que nada disso pode significar proposta.

No entanto, devem ser captadas como sinônimos de democracia. Ser livre está embutido na campanha do candidato que, na hipótese mais ou menos, tirará o país do mapa da fome e do isolamento global, recolocando-o no mesmo caminho das potências econômicas. Vencendo a outra vertente, a repaginação da nação certamente ficará limitada à página dois. Talvez nem chegue nela. Provavelmente se consolidará o sentimento de ódio. Com a melhor das intenções, essa narrativa não pode – e não deve – omitir opiniões acerca desta eleição, a mais hedionda das últimas décadas. Além da ausência absoluta de ideias e propostas e da avalanche de fake news, em vários momentos o “debate” político atingiu os limites da bestialidade e da estupidez. Um dos candidatos sabe, mas faz pouco caso de questões que há muito tempo deveriam estar afastadas dos costumes do ser humano.

Por exemplo, no Brasil do século XXI não cabem mais divisões político-ideológicas capazes de transformar em inimigos ferrenhos e irrecuperáveis adversários partidários. Em defesa de uma corrente, também não é mais aceitável ameaças a padres que não cedem suas igrejas como apoio para comícios. No dia D para a democracia brasileira, as duas perguntas que pululam em todos os ambientes, inclusive nos familiares, são emblemáticas, mas definitivas para nossa sorte: que tipo de eleitores somos e que futuro imaginamos para o país? Talvez não consiga essas respostas de imediato, mas vale ilustrar com o que ocorre hoje na China de Xi Jinping. Embora adepto da ocidentalização da potência asiática, o mandatário pensa e age noite e dia como um déspota. Ele é o, como um senhor dos senhores. Ele é o poder. Os demais obedecem ou obedecem. Simples assim.

O resultado da “reeleição” de Xi Jinping é uma onda de ricos buscando sair da China. Mas o que eles, que ajudaram na conquista de mais um mandato, temem agora? A segurança de todos e, principalmente, a alta desenfreada de impostos. Parece enredo de filme de terror, mas, com exceção dos atores, é uma novela mexicana adaptada para o SBT dos aliados Silvio Santos e Ratinho. A elite brasileira que se prepare para o pior caso o resultado seja o que seus representantes entendem como melhor. Os ricos e os fanáticos pelo caos são pouco mais de um terço da população. O restante, o povo que trabalha, deseja um país diferente. Não sei o que irá acontecer neste 30 de outubro, também conhecido por hoje, mas certamente ficará na memória de todos como o dia em que o Brasil deu um salto para frente ou três para trás. Se as pesquisas estiverem corretas como a maioria acredita, uma expressiva parcela do eleitorado irá comemorar a vitória com aquela ressalva lançada em janeiro de 2019, quando efetivamente começou a campanha de um dos candidatos.

Será um churrasco sem chope. Algo parecido com um gol que depende do WAR para ser confirmado ou não. Nada mais do que um simples protocolo, embora as tentativas de melar o resultado sejam por demais conhecidas. No entanto, anunciada uma eventual vitória do candidato satanizado, obviamente que os satanizadores, os pregadores do ódio, terão de engolir o inimigo. Provavelmente, levarão alguns dias para maturação do ódio. Talvez algumas semanas para digerir a frustração e até meses para aceitar o Diabo substituindo um presidente avaliado como mito santificado. Difícil mensurar esse tempo, mas, como todo menino mijado, um dia eles se aquietarão. Todavia, não esperemos tempo bom. A única certeza é que serão quatro anos de ataques sistemáticos ao Estado Democrático de Direito e de constantes ameaças ao governante democraticamente eleito. Nada que preocupe mais do que uma reeleição indesejada. Que vença a democracia.

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