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Pacote de Lula alcança bolsonarista frustrado e enche urnas em 2026

Anunciado na mesma semana em que a Polícia Federal divulga a diabólica trama da extrema-direita para impedir a diplomação e a posse do presidente e do vice eleitos em 2022, o governo anuncia um pacote fiscal com ajuste gradual, em lugar da pancada esperada pelo mercado, particularmente pelos tubarões da economia. Ainda é cedo para saber se ele é realmente bom ou ruim. Embora tenha ofuscado um pouco a barbárie que o ex-presidente e seu grupelho pensavam produzir no país, o pacotaço de Luiz Inácio tem um lead incontestável: começou a corrida presidencial de 2026.

As fichas estão à mesa. Bocudo, o mercado queria sangue. O bem-estar do povo é irrelevante. Por isso, a birra com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O que mais frustrou alguns analistas e incomodou os congressistas da oposição foi o anúncio da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O dólar chegou à estratosfera. Por outro lado, Lula da Silva cumpriu uma de suas mais caras promessas de campanha, ao mesmo tempo em que assanhou a turma do quanto pior, melhor. Como? Simples!

Antipática para meia dúzia, a medida certamente calou o coração de milhões de brasileiros de baixa renda, inclusive alguns eleitores perdidos e decepcionados com Bolsonaro. Conforme analistas de mercado, economicamente o pacote deixou a desejar. Entretanto, do ponto de vista estritamente político há poucas dúvidas quanto aos polpudos dividendos que serão alcançados em 2026. O recado está dado. Luiz Inácio está na área e se tentarem derrubá-lo novamente será pênalti. Tudo bem que o pacote derrubou as manchetes sobre a frustrada tentativa de golpe. Faz parte do jogo diário da democracia. É passageiro.

Demorada certamente será a solução para o caos em que Jair Messias e sua trupe meteu o Brasil. Os brasileiros de boa cepa e de conduta ilibada não esperam outra coisa que não seja a condenação do mito de coisa nenhuma. Responsável direto pelas manobras golpistas, o ex-presidente não demonstra, mas acusou o “golpe”. Tanto que já tornou pública a pretensão de se homiziar em uma embaixada qualquer, preferencialmente de um parceiro de insanidade. Apesar do passaporte recolhido, a tarefa não me parece complicada.

Basta lembrar que, mesmo vigiados, com tornozeleira eletrônica e sem passaporte, dezenas de terroristas condenados por conta do 8 de janeiro de 2023 fugiram para países da América do Sul, prioritariamente para a Argentina do “Hermano” Javier Milei. A intenção é mais clara do que uma manhã de verão após um título do Flamengo. A mesma clareza deveria ser usada pelo Supremo Tribunal Federal. Independentemente do posicionamento da Procuradoria-Geral da República, o tempo de espera para uma resposta contundente do Judiciário já vai longe. O ministro Alexandre de Moraes tem consciência disso.

Ele dispõe de oito votos garantidos para a tomada de uma posição mais radical. E pouco importa se pelo menos três dos 11 ministros do STF já tenham declinado simbolicamente votos contrários à prisão de Jair Messias. Fiéis pitbulls do ex-presidente, Nunes Marques e André Mendonça provavelmente terão a companhia de Dias Toffoli, ex-amigo e ex-advogado de Lula e de José Dirceu. Juntos ou separados, os três estiveram 12 vezes no Palácio da Alvorada enquanto o golpe estava no forno. Nada a estranhar, mas, se a ideia era colocar lenha na fogueira, deram com as batatas n’água. O jogo foi jogado dentro das quatro linhas e agora, bom ou ruim, o pacote dessa quinta-feira (28) só depende do Congresso para virar lei e acabar de vez com os sonhos mirabolantes e malignos dos derrotados de 2022.

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*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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