Bengala da Erundina
Painho dos progressistas, Paim não pode parar

Durante um voo de Porto Alegre a Brasília, tive a honra de sentar ao lado do senador Paulo Paim. A viagem passou voando — culpa da conversa animada que tivemos do início ao fim. Falamos de tudo um pouco: Brasil, lutas sociais, literatura, saúde, esperanças e decepções.
Entre um assunto e outro, ele me confidenciou que pretende deixar a política partidária ao fim de seu atual mandato, no ano que vem. Disse isso com serenidade, mas também com um certo cansaço. Argumentei que talvez esse não fosse o melhor momento para se afastar — especialmente agora, quando a extrema direita está fungando no nosso cangote, e cada voz progressista faz falta.
Ele sorriu, respirou fundo e respondeu com franqueza: “Estou muito velho, minha amiga. Já um pouco cansado dessa estrada.” E foi aí que, meio em tom de brincadeira, meio falando sério, lancei: “Então pega tua bengala e faz como a Erundina! Continua na política mesmo velhinho!”
Ele soltou uma gargalhada gostosa, daquelas que enchem o ambiente e aquecem o peito. E eu fiquei ali, dividida entre o respeito por sua decisão e o desejo sincero de que ele ainda fique por perto, porque o Brasil precisa — e muito — de vozes como a dele.
