Sensação boa essa da paixão. Brega, mas boa. Te dá um frio na barriga, uma perninha bamba quando ele aparece. Dá vontade de passar a vida toda só quietinha, relembrando o último encontro. Dá até aquela vontade de viver para sempre. Paixão não tem explicação.
A rima é pobre, mas o significado é enorme. Paixão não se explica, não se racionaliza. Algumas pessoas dizem que é doença, talvez seja mesmo. Mas como tudo na vida, só vira doença o que não controlamos, o que não tomamos as devidas providências. Paixão bem vivida é coisa boa demais.
É recordar… você passa ser aquela que irradia uma luz estranha, que todo mundo percebe que repete. Mas ninguém sabe direito o que é. Só acham que, sei lá, você está mais bonita. Paixão fica lá dentro da gente guardada. Ela faz sofrer, mas faz um bem danado. Quando toca a música de vocês… quando alguém fala o nome dele. E nem precisa ser ele que estão falando, basta que o nome dele apareça no pedaço.
E é engraçado, pode ser o nome mais diferente do mundo, parece que todo mundo tem o mesmo nome. Ou estão falando de um igual na fila do restaurante. Ou estão chamando um igual no seu exame de sangue. A cabeça fica tonta, desespera. Será que ele está saindo com outra pessoa? Ficamos ciumentas, esquisitas. Não sabemos o que dizer e sim, sempre diremos a coisa errada.
Depois ficamos nos remoendo “Por que eu falei aquela abobrinha?” ou “Por que eu não respondi assim ou assado?”. Mas o princípio da paixão é relaxar nossa razão, nosso emocional. “Não se entregue demais”, “Não crie expectativas”, tudo isso é bem bonito e certo na teoria, mas na prática simplesmente não funciona. Ele ocupa seus pensamentos, sua rotina e seus dias que parecem cinzas e distantes.
E aí, é o dia de encontrá-lo e, meu Deus, o que será que vai acontecer? Será que a paixão vai virar amor? Será que vai se concretizar? Será que é sério? Hajam oráculos, testes interativos e compatibilidade de signos para dar conta. E quando os signos combinam é “Eu sabia que fomos feitos um para o outro”. E quando não é “Esse negócio não dá certo mesmo”.
Paixão é para ser vivida. É para deixar acontecer. Pode ser que demore, pode ser que atrapalhe, mas precisa ser gasta. É um fogo que precisa ser queimado, até o fim, mesmo que precise de potes de sorvete e todas as músicas da Mariah Carey dos anos 80 e 90. É fogo que arde sem se ver. Mas que sem, deixa a vida sem graça, sem perspectiva.
Os céticos que me desculpem, mas paixão é fundamental na nossa vida. Viver é apaixonar-se todos os dias. Às vezes, pela mesma pessoa.