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‘Paixão da adolescência pode criar um eterno poeta’

Escrever é um ato natural. O sininho entra em ação a um alerta do Tico e do Teco (dois neurônios que estão sempre em evidência, e quando menos esperamos, lá está o poema, o conto, a crônica.

Essa a definição sobre literatura do escritor carioca Gustavo Condurú, acostumado a transformar em letras que se juntam em palavras fatos que acontecem à sua volta. São textos admiradas por uma legião de leitores.

Nesta entrevista a Notibras, ele pontua que sentimentos viram poesias, e que percepções do cotiando se transformam em contos e crônicas. Veja a seguir os principais trechos da nossa conversa:

Fale um pouco sobre você, seu nome (se quiser, pode falar apenas o artístico), onde nasceu, onde mora, sobre sua trajetória como escritor.

Meu nome é Gustavo Condurú. Nasci no Rio de Janeiro, onde resido atualmente. Desde a adolescência escrevo contos, crônicas e, principalmente, poemas.

Como a escrita surgiu na sua vida?

Surgiu aos onze anos, quando escrevia redações escolares. Na mesma época, me apaixonei por uma menina do colégio, o que me motivou a arriscar alguns versos.

De onde vem a inspiração para a construção dos seus textos?

Na maior parte das vezes, é fruto das percepções e sentimentos que venho desenvolvendo em cada fase da minha vida. Pode ter como “gatilho” uma música, uma vivência amorosa ou simplesmente uma cena cotidiana, que me inspirarão a escrever sobre as percepções e sentimentos que despertam.

Como a sua formação ou sua história de vida interferem no seu processo de escrita?

Interferem diretamente, diria. O contato frequente com a boa literatura desde a infância, as músicas que ouvia em casa, bem como o fato de ter tido contato com os textos de um dos meus tios, que também é poeta, forjaram-me o hábito da leitura quase que da mesma forma com que plantaram as sementes das letras que escrevo.

Quais são os seus livros favoritos?

Dom Casmurro; MacBeth; Paulo e Estevão.

Quais são seus autores favoritos?

Machado de Assis; Vinicius de Morais; Manuel Bandeira; José Saramago; Shakespeare.

O que é mais importante no seu processo de escrita? A inspiração ou a concentração? Precisa esperar pela inspiração chegar ou a escrita é um hábito constante?

Sem sombra de dúvida, a inspiração. Normalmente, é uma ideia súbita que me ocorre. O hábito da escrita, para mim, tem mais a ver com permitir-me dizer em letras o que sinto do que o ato de colocar-me a escrever com frequência definida.

Qual é o tema mais presente nos seus escritos? E por que você escolheu esse assunto?

Percepções sobre o que sinto e sobre a vida cotidiana. De fato, não escolho assunto específico, basta que me inspire de alguma forma.

Para você, qual é o objetivo da literatura?

Mergulhar em universos variados através da forma que outrem vê e sente o mundo ao seu redor. Ao fazê-lo, também mergulhamos em nós mesmos. A literatura é uma forma de provocação!

Você está trabalhando em algum projeto neste momento?

Não.

Quais livros formaram quem você é hoje? O José Seabra sempre cita Camilo Castelo Branco como seu escritor predileto, o Daniel Marchi tem fascinação pelo Augusto Frederico Schmidt, e o Eduardo Martínez aponta Machado de Assis como a sua maior referência literária. Você também deve ter as suas preferências. Quem são? E há algum ou alguns escritores e poetas contemporâneos que você queira citar?

Vinícius de Morais e Manuel Bandeira.

Como é ser escritor hoje em dia?

Como escrever não se trata de uma das minhas atividades profissionais, ser escritor é ter que conciliar o labor diário, que me exige dinamismo e objetividade, com as inspirações que surgem de situações inusitadas e que me levam para um estado mental e emocional que não vê hora, lugar ou ofício.

Qual a sua avalição sobre o Café Literário, a nova editoria do Notibras?

Textos muito bem escritos, de grande qualidade. Iniciativa que faz reviver nossa literatura.

Tem alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar?

Não. O papo, em si, foi perfeito. Acredito que, de minha parte, muito esclarecedor.

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