Layla Andrade
O Brasil vive um momento de questionamento sobre o futuro, agora mais do que nunca é reforçado nas ruas e nas redes sociais sobre o destino de Dilma Rousseff. O governo sabe que está perdendo votos, e isso aumenta a agressividade do discurso palaciano e dos seus defensores.
O clima, claro, é de instabilidade. De um lado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos deputados, uma figura polêmica que já recebeu acusações sobre propina e fraude fiscal. Do outro lado a presidente, que ostenta um dos menores índices de popularidade da história. Dilma é acusada de crime de responsabilidade.
No meio de tudo isso, a população cada vez mais confusa. Muitos defendem o impeachment como a única solução; para outros não adianta nada.
Há um evidente desejo de mudança. Quando a opinião pública quer, não há como impedir. Comparando o caso das Diretas-já, a vontade da população deve ser feita.
Notibras foi às ruas e ouviu a opinião de alguns moradores de Brasília. O povo foi questionado se é a favor ou contra o impeachment, se já participou de alguma manifestação, e o que seria melhor para o Brasil – continuar com Dilma, dar uma chance ao vice Michel temer, ou a realização de uma nova eleição. Veja os depoimentos.
Divino Rodrigues, porteiro, tem 32 anos e conta ser a favor do impeachment: “Não participei de nenhuma manifestação, por falta de tempo porque trabalho o dia inteiro. Tem um tempo que as coisas começaram a desandar, cada dia os impostos aumentam, o salário não está sendo suficiente. Acredito que se ela sair e acontecer uma nova eleição ajudaria muito, não dá para continuar como está”.
Maria de Lurdes é garçonete, tem 35 anos e conta ser contrária ao afastamento de Dilma. “Se ela sair quem vai governar? Todos os outros candidatos à sua sucessão também roubam, são todos da mesma turma. Acredito que se com ela já está ruim, será pior será se ela sair. O melhor a fazer é esperar o fim do mandato dela, mas caso tenha uma nova eleição, óbvio que seria muito melhor”.
José Andrade, design, tem 60 anos e afirma que defende o impeachment, mas acha que não vai resolver nada. “É mais uma balela. Mas o pior de tudo é que o PT insiste em dizer que é golpe, logo eles, que eles já foram os autores de mais de 50 pedidos de impeachment. Nós precisamos tirar esse ‘câncer’ que se chama corrupção, muitos que estão lá não possuem nem conduta, nem ética. Não merecem ser nossos representantes. Precisamos aprender a escolher pessoas que tenham o mesmo interesse que o nosso! Sou a favor de uma nova eleição, acho que seria nosso tiro de misericórdia”.
Germana Gabriela é estudante de jornalismo, tem 20 anos: “Sou contra o impeachment, e acho que ele não é a solução eficaz para a construção de um governo melhor, o governo que as pessoas querem. Porque sai a Dilma, entra o Temer, sai o Temer entra o Eduardo Cunha… na verdade é uma pirâmide de pessoas podres que participam do governo. Se está ruim com ela pior sem ela. Acho que o impeachment é uma vergonha para o Brasil. O que a gente precisa é que as pessoas tenham consciência na hora de votar e não votar erroneamente”.
Henrique Lopes é operador técnico, tem 28 anos e afirma que “felizmente essa bomba estourou para a presidente Dilma. Apoio o impeachment para que seja feita uma nova reformulação da nossa política, pois do jeito que está não vai melhorar tão cedo. Precisamos de novos pensadores, novas ideias e pessoas honestas na política. Infelizmente não fui em nenhuma manifestação. Acredito que uma nova eleição nos ajudaria muito e com certeza eu apoiaria alguém novo, porque precisamos de alguém corajoso e honesto e que tenha novas ideias para alavancar nosso país economicamente”.
Solange Silva é dona de casa, tem 49 anos. Ela diz gostar da Dilma, “mas sou a favor da justiça. Acredito que se ela está envolvida com a corrupção deve pagar pelo erro cometido. Afinal, ninguém é obrigado a cometer um crime, se a pessoa faz é porque quer. Nunca fui manifestação. Confesso que uma nova eleição seria uma boa solução; bom seria se todos os políticos que cometeram crimes fossem descobertos com mais rapidez e fossem afastados dos cargos para sempre. Só assim novas pessoas teriam oportunidade de mudar nossa opinião e nos ajudar a esquecer esse trauma”.
Ivaldo Leite é estudante de Medicina Veterinária, tem 19 anos. “Sou totalmente a favor do impeachment. A Dilma quebrou o país, ela só fez coisas ruins, encheu o povo de esperança e ao mesmo tempo matou, e comprova isso todos os dias em seus discursos. Participei sim das manifestações e se tiver novamente eu vou, porque acredito que nós temos o poder de mudar essa situação. Nós vivemos em uma democracia que muitas vezes não é exercida. Entre trocar o ruim por um mais ou menos, prefiro uma nova eleição; a gente não pode perder a esperança”.
Igor Portella é estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, tem 21 anos e afirma que defende o impeachment, “porque em um governo que se tem altos impostos e mesmo assim as dívidas só aumentam. Com certeza é por falta de competência; ela não sabe liderar o país. Não fui a nenhuma manifestação por falta de tempo. Acredito que uma nova eleição seria a nossa segunda chance de não cometer mais este mesmo erro, e tirar o PT do governo é só o primeiro passo”.
Mirian Santos é doméstica, tem 43 anos. Na opinião dela, é chegado o momento de tirar Dilma do Planalto. “Há muito tempo venho votando no PT, achando que o interesse deles era ajudar a população. Até me decepcionar e descobrir os roubos que estão acontecendo em baixo do nosso nariz. Eu recebo o benefício do bolsa família, mas não é por esse motivo que eu vou continuar apoiando esse governo que enganou todos nós. A cada dia fica mais difícil de sobreviver com um salário mínimo. É claro que existem pessoas que estão com medo de apoiar o impeachment e perder os benefícios, mas a realidade é que, mesmo sem ela sair, já existe inúmeras pessoas que não estão recebendo mais. Eu acho que nós deveríamos parar de pensar só em nossa situação, mas também na situação de toda população; a nossa solução seria uma nova eleição, a chance de tentar corrigir este erro que está afundando o país”.
Tatiana Portella, professora universitária, tem 39 anos e afirma não ser contra nem a favor. “Não vejo consistência nos argumentos neste momento. Creio que seria necessária uma análise mais ampla, que não deixasse a dúvida sobre a prática do crime de responsabilidade. Não fui a manifestações, mas sou a favor de uma nova eleição, especialmente se for comprovado o financiamento ilegal da campanha. Não há nenhum elemento que nos leve a crer que o vice-presidente teria condições de governar”.