Daniel Carvalho e Igor Gadelha
O discurso do deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice-líder do governo na Câmara, provocou um acalorado bate-boca com dois parlamentares integrantes da Comissão Especial do Impeachment. Ele ironizou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) pelo fato de ele ser pastor e chamou o deputado Danilo Forte (PSB-CE) de “merda”, “corrupto” e “imbecil”.
“A pior qualidade de imbecil é o imbecil metido a inteligente”, disse Costa a Forte, que respondeu chamando o vice-líder do governo de “palhaço”. Costa disse ainda que Forte era “ladrão da Funasa”, em alusão ao período em que o cearense, então filiado ao PMDB, foi presidente da Fundação Nacional de Saúde. “Faz seis anos que saí da Funasa. Não tenho nenhuma condenação”, respondeu
Costa disse também que Sóstenes Cavalcante era o “primeiro pastor mal educado” que conhecia. “Respeite a minha fé. Respeite a fé da maioria do povo brasileiro”, retrucou Cavalcante.
Discurso – Em seu discurso, Sílvio Costa procurou desqualificar o parecer favorável ao impeachment apresentado pelo relator da comissão, Jovair Arantes (PTB-GO). Disse que a denúncia em análise foi desqualificada pelo novo pedido de impeachment apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Manifestantes contrários ao impeachment que assistem à sessão do lado de fora reagiram gritando “Sílvio, guerreiro do povo brasileiro”. “Quem fez a melhor desqualificação do relatório foi a OAB, que deu entrada num novo pedido de impeachment. Se a OAB entendesse que o atual pedido de impeachment tivesse alguma substancia jurídica, evidente que a OAB não teria entrado com um outro pedido de impeachment”, afirmou.
Ele citou também as declarações do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, sem saber que estava sendo gravado, manifestou crítica ao PMDB como alternativa de poder. “A melhor defesa política, não foi nenhum de nós aqui, com todo respeito aos defensores da chapa temo Cunha, foi do ministro Barroso”, afirmou.
Sílvio Costa referiu-se a Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomendou a rejeição das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff, ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao vice-presidente da República, Michel Temer, e ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), como “confraria do golpe”, “gangue do golpe” e “bando do golpe”
“Sabe porque Eduardo Cunha está sem dormir? Deus me livre, acontece um problema com Michel, Eduardo Cunha vira presidente da República e, se ele e virar, não pode ser preso. Por isso ele está sem dormir. A viagem dele para Curitiba vai demorar”, afirmou Costa.
Costa também fez críticas a Temer. “Não vou ter o prazer de ser oposição a você porque você não vai ser presidente. Mas você é uma decepção para mim, rasgou a Constituição”, disse o parlamentar. “A sua ânsia de chegar ao poder é tão grande que você esqueceu do direito constitucional”, afirmou.
Ao mencionar Aécio, disse que “o Mauricinho ficou zangadinho”.
Conspiração – Sílvio Costa procurou desacreditar o relatório de Jovair Arantes Disse que ele e Rosso foram escolhidos em reunião conduzida por Eduardo Cunha, como o Estado havia antecipado.
“Uma noite, Eduardo Cunha chamou Jovair Arantes e Rogério Rosso, que quer ser governador do DF de novo. Fizeram uma reunião e acertaram. Aprontaram o pacote lá”, afirmou. “Jovair é leal a Eduardo Cunha”, disse o deputado. “Esse acordo tem o cheiro de Eduardo Cunha. Cheiro não. O mau cheiro de Eduardo Cunha. Não participei deste acordo espúrio”, afirmou.
Costa voltou a dar como certa a derrota do governo na comissão. “Aqui, pode ganhar. Não tô nem ligando. Não queria nem votar para não convalidar essa armação, não queria ser maestro dessa orquestra de Eduardo Cunha”, disse o parlamentar.