Raphael Ramos
Tudo caminhava para ser um “clássico família”, mas uma confusão na praça Charles Miller, na frente do estádio do Pacaembu, envolvendo torcidas organizadas do São Paulo depois da vitória por 2 a 0 do Palmeiras, acabou com o clima de paz da partida deste domingo. Houve confronto entre torcedores e policiais militares. A PM usou a cavalaria e bombas de efeito moral para dispersar os torcedores.
Cerca de dez minutos depois do fim da partida um grupo de torcedores chegou a voltar correndo para dentro do estádio para tentar fugir da confusão. O tumulto do lado de fora do Pacaembu durou cerca de 20 minutos.
Com 13.466 pagantes, o público do clássico foi pequeno, porém ficou acima do dobro da média de 6.310 torcedores do time tricolor no Campeonato Paulista. Não foram só os números e a briga com integrantes de organizadas depois do jogo que chamaram atenção, mas principalmente o perfil desses torcedores.
Com a mudança do horário da partida das 16h para as 11h devido às manifestações contrárias ao governo de Dilma Rousseff (PT), boa parte do público era formada por mulheres, crianças e idosos Os protestos, inclusive, mexeram até no visual da torcida. Em meio às camisas com as cores preto, vermelho e branco, havia também nas arquibancadas muita gente vestindo amarelo, o símbolo das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Também chamaram atenção algumas bandeiras do Brasil no meio da torcida.
O futebol apresentado pelas duas equipes, no entanto, foi pouco – ou quase nada – atrativo. De olho nos jogos que terão pela Copa Libertadores no meio da semana, São Paulo e Palmeiras pouparam alguns dos seus principais jogadores. Também resolveram economizar futebol.
Com exceção de alguns raros lances de efeito, o nível técnico da partida foi muito baixo. Se faltou qualidade, sobraram passes errados, bolas divididas e chutes tortos.
O primeiro tempo foi muito fraco. O São Paulo até que começou melhor. O time se postou no ataque e o Palmeiras tinha dificuldade para passar do meio de campo. Faltava ao time tricolor, porém, variação de jogadas. Somente Rogério é que levava algum perigo efetivo a Fernando Prass graças as suas jogadas individuais em velocidade.
O Palmeiras ficou 30 minutos sem dar nenhum chute no gol. Só melhorou depois que acertou a marcação e o São Paulo diminuiu o ritmo. Mesmo com ligeira vantagem tricolor, a partida fica mais equilibrada e, consequentemente, interessante ao torcedor.
Emoção e gols só no segundo tempo. As duas equipes deixaram de se preocupar tanto com a marcação e o jogo ficou mais “solto”. Edgardo Bauza mexeu no time e colocou em campo Calleri, Ganso e Centurión, mas as substituição surtiram pouco efeito prático. Melhor para o Palmeiras, que foi mais eficiente e soube aproveitar as chances que teve.
Aos 29, Allione armou o contra-ataque pela direita e tocou para Alecsandro, que avançou e cruzou para Dudu. O palmeirense se antecipou à marcação e bateu de primeiro no ângulo direito, sem chances para Denis.
O São Paulo não esboçou qualquer reação e o Palmeiras fez o segundo gol. Aos 42, Robinho recebeu de Allione na entrada da área e bateu forte de pé esquerdo o ângulo. Um golaço.
O triunfo levou o Palmeiras aos 15 pontos e à liderança do Grupo B do Estadual. O São Paulo estacionou nos 13 e caiu para o segundo posto do Grupo C, atrás somente da Ferroviária.