Marta Nobre
O PT está em polvorosa. É que Antônio Palocci, ex-todo poderoso ministro de Lula e Dilma, decidiu fazer delação premiada. Ela anda abatido moral e fisicamente e se sente abandonado pela cúpula do partido. A saída para escapar da possibilidade de morrer velho na prisão, seria contar à Lava Jato tudo o que sabe sobre supostas negociatas dos dois ex-presidentes.
O suposto plano de delação, que caiu como uma bomba no colo do partido, já estaria em adiantado estado de negociação com a Força-Tarefa da Lava Jato. Palocci, segundo a edição desta quarta, 19, do jornal O Globo, não teria resistido à pressão e seguiu um caminho diferente de José Dirceu e João Vaccari, que, mesmo presos, fizeram votos de silêncio.
Palocci vive distante da vida partidária. Sua situação ganhou ares de maior gravidade depois da divulgação dos detalhes dos depoimentos de executivos da Odebrecht. A pressão aumenta com as perspectivas de que o processo contra ele será encerrado nas próximas semanas. Além de estar preso há seis meses, o ex-ministro teve bens bloqueados no valor de 128 milhões de reais.
Os sinais de que o ex-ministro vai confessar os seus crimes e fazer acusações contra Lula e Dilma se intensificaram nos últimos dias, com as divulgações de que ele recebeu pagamentos por aprovações de medidas provisórias de interesse da Odebrecht. A avaliação dentro do PT é que, na situação em que está, Palocci tem pouco a perder.
— Ele pode muito bem virar as costas para o partido e se transformar em um novo Delcídio — afirma um petista, numa comparação com o ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral, que fechou o acordo de delação poucos dias depois de ser preso, conforme relato de O Globo.