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Pandora engole Caronte e Paranoá volta a refletir justiça

José Seabra

Mais uma vez fatos relacionados à Mitologia Grega chegam a Brasília. Agora Caronte, o barqueiro do submundo, desembarca no Lago Paranoá. Trata-se de homem de supostas feições sérias, que com o decorrer dos anos passou a ser visto como uma pessoa perigosa, acostumando-se a viver à sombra de um capuz.

Caronte foi castigado por ter tentado roubar a Caixa de Pandora. Descoberto em meio a uma série de investigações comandadas por Zeus, envolvendo todos os setores do Olimpo , acabou reagindo ao seu modo, carregando com palavras duvidosas as almas dos mortos-vivos.

No começo dos trabalhos ele tinha a ajuda de um parceiro direto. Porém, ao sentir que estava sendo roubado, afundou na lama o seu próprio colaborador, fazendo turvas as águas do Paranoá.

Pelo e espelho d’água do Lago, uma espécie de divisa que refletia o mundo dos mortos-vivos da política mundana e o mundo dos algozes, singrava como um barco de travessia abarrotado de moedas.

Políticos – ou mortos-vivos, que sejam -, que queriam ter sua alma libertada, eram obrigados a pagar a Caronte um preço representado por muitas cédulas. Quem negasse o pagamento, tinha como castigo permanecer no interior de Pandora.

Com o aprofundamento das investigações comandadas por Zeus, muita coisa veio à tona. Roma e Atenas, antes afastadas, se deram as mãos. Caronte, como o planeta sombrio Plutão, virou subespécie do sistema. Foi afastado do universo dos grandes planetas. Júpiter foi renomeado Zeus. E Hermes, com sua facilidade em transmitir mensagens verdadeiras, virou Mercúrio.

Enquanto isso, o Lago continua lindo como o Rio. Vai deixando de ser turvo. E a Loba, antes com gestos sempre maternos, decidiu olhar para os dois lados da Praça e castigar Caronte e seu parceiro. Tudo em nome da verdade.

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