Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Mateus Coutinho
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, classificou nesta quarta-feira, 14, o governo Lula de “propinocracia”. Lula e outros sete investigados foram denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Deltan Dallagnol acusa o ex-presidente de ter recebido pelo menos R$ 3,7 milhões em propinas.
O procurador Dallagnol afirmou que a propinocracia se caracterizou no governo Lula por três “grandes propósitos” – governabilidade corrompida, perpetuação criminosa do PT no poder e enriquecimento ilícito de agentes públicos.
“A propinocracia é o governo regido pelas propinas”, afirma.
O esquema de propinas, segundo o procurador, buscou “dar ao próprio PT uma perpetuação criminosa no poder por meio da formação de colchão de recursos usados em campanhas eleitorais.”
“Essas provas demonstram que Lula era o grande general que comandou a realização e a continuidade da prática dos crimes com poderes para determinar o funcionamento e, se quisesse, para determinar sua interrupção”, disse Dallagnol.
A Lava Jato denunciou formalmente Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário Léo Pinheiro, da OAS, dois funcionários da empreiteira e outros dois investigados.
Na denúncia contra Lula, o Ministério Público Federal pede o confisco de R$ 87 milhões. A acusação aponta “14 conjuntos de evidências que se juntam e apontam para Lula como peça central da Lava Jato”. Segundo a denúncia, o ex-presidente poderia ter determinado a interrupção do esquema criminoso.
“O funcionamento do mensalão e da Lava Jato dependia não só do seu poder como governante, mas do seu comando como líder partidário”, afirmou Deltan sobre Lula.
“Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível.”
O procurador aponta a “relação próxima de Lula com os empreiteiros envolvidos na Lava Jato, Lula é o elo comum com os envolvidos na Lava Jato”.
Dallagnol apontou para o jargão que marcou o petista quando estourou o mensalão, em 2005 – na ocasião, Lula declarou repetidas vezes que “não sabia” do esquema de compra da base aliada no Congresso.
“Não estamos recuperando o caso mensalão”, afirmou Deltan Dallagnol. “Invocamos esse esquema a título de mais uma peça probatória. Depois do mensalão, Lula não pode mais alegar desconhecimento de um esquema diretamente sob seus olhares mais diretos. Dessa vez, Lula não pode dizer que não sabia de nada.”
Segundo ele, Lula enriqueceu ilicitamente. “O ex-presidente está sendo acusado por ter recebido de forma dissimulada R$ 3,7 milhões da OAS.”