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Parada gay cobra do governo regulamentação da lei que pune atos homofóbicos

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Aline Leal

Milhares de pessoas ocuparam a zona central de Brasília desde o início da tarde deste domingo (26) na 19ª Parada do Orgulho LGBTS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Simpatizantes), que teve como principal mote a sensibilização do governo do Distrito Federal para regulamentar a lei que pune discriminação por razões de orientação sexual.

“A Lei 2.615 foi aprovada em 2000 pela Câmara [Legislativa] do DF, mas na prática precisa de regulamentação para determinar o trâmite que uma denúncia vai ter. Essa ferramenta é fundamental no enfrentamento da homofobia, pois vem punir com multa tanto pessoas quanto estabelecimentos que agirem com discriminação relacionada à afetividade das pessoas”, disse Michel Platini, um dos organizadores do evento. Ele ressaltou que mais importante que o tema escolhido, é a busca das pessoas LGBTS por visibilidade na sociedade.

A concentração da parada começou por volta das 14h, em frente ao Congresso Nacional e deve terminar em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. Às 17h, a estimativa da organização era de que cerca de seis mil pessoas estavam reunidas próximas ao trio elétrico.

Em cima do trio, militantes convidavam os participantes da marcha a mudarem, com o voto nas próximas eleições, o atual cenário político do país, considerado por eles conservador.

“Vim [para a parada] pelos meus direitos, pra exigir respeito. A parada é um ato político e também serve para que possamos pedir políticas públicas direcionadas a nós, gays e lésbicas”, disse Valéria Fria, de 49 anos.

A bancária lamenta que o preconceito ainda seja muito grande no trabalho e na família. “Eles dizem que aceitam, que respeitam, mas por trás soltam piadinhas. O que a gente quer é ser tratado como qualquer hétero, sem cara feia”, concluiu Valéria.

O ator Pablo Cunha escolheu Frida Kahlo como personagem para incorporar durante a parada como símbolo de força. “De fora, as pessoas às vezes confundem a parada com uma festa, mas isso tudo é um ato político. Visibilidade a gente tem, mas precisamos ser escutados e atendidos”, enfatizou o ator.

Segundo Pablo, todos os dias acontecem atos de barbárie contra os homossexuais, porém, o tiroteio na boate gay Pulse, no último dia 12, em Orlando, que deixou 49 mortos, choca as pessoas e evidencia a violência diária que os homossexuais vivem.

Abraçadas, o casal Hosana de Oliveira e Bruna Naiara ouviam uma ativista falar em cima do trio elétrico que todo dia é dia de todos os casais mostrarem afeto, andarem de mão dadas e se abraçarem na rua, independentemente da orientação afetiva.

“Eu sei que a gente não deve evitar andar de mãos dadas e demonstrar carinho na rua porque, agindo assim, as pessoas, quando virem [essas manifestações] vão achar que não é normal. Mas no dia a dia, tenho medo de ser hostilizada, de minha esposa e eu sofrermos violência. Estamos tentando mudar nossa cabeça para assim mudarmos a cabeça dos outros”, desabafou Hosana.

Agência Brasil

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