A Parada Gay de Taguatinga, que acontece neste domingo, 20, buscou um tema bastante atual para o evento: a família. De acordo com o organizador da parada, Michel Platini, o tema “o que define família é o amor” tem o intuito de mostrar para a população que mãe, pai e filhos são família da mesma forma que um pais gays e filhos ou mãe lésbicas e filhos. “Todos são exemplos de família”, diz Platini.
A 10ª edição do evento sairá às ruas de Taguatinga vestindo as cores do arco-íris – tradicional nas paradas gays – contra a discriminação que as famílias formadas por homossexuais vêm sofrendo e para celebrar as conquistas de direitos iguais que o movimento LGBT conseguiu até agora.
“Há muito o que conquistar, mas não podemos ignorar alguns avanços. O conceito de família está, ainda, muito ligado às religiões e, embora algumas teimem em se alicerçar no retrocesso, o líder maior da Igreja Católica, o Papa Francisco, já sinalizou bastantes avanços contra o preconceito”, afirma Platini ao apontar dois episódios recentes envolvendo o Papa argentino e as discussões acerca da homossexualidade.
“Primeiro ele diz que as pessoas têm de ser felizes, ao responder uma jornalista sobre a união entre homossexuais. Mais recentemente, o Papa não criticou uma publicação que mostrava vários conceitos de famílias, inclusive, a formada por casais que não sejam apenas os heterossexuais”, completa.
A provocação é clara ao projeto de lei aprovado na Câmara Legislativa que define família apenas os casais formados por homem e mulher heterossexual com filhos – que tem a bancada evangélica como maior defensora da descrição. Com cartazes, bandeiras e exemplos de famílias formadas de forma bem diferentes da sugerido no projeto dos deputados, a Parada Gay sairá da Praça do Relógio às 14h.
A ideia é festejar o veto do governador Rodrigo Rollemberg ao projeto e chamara a atenção da sociedade para evitar que os deputados distritais derrubem o veto – o que faria com que uma lei estabelecesse o conceito de família apenas para casais heterossexuais.
Mas os militantes não querem apenas combater o projeto em âmbito local. No Congresso Nacional, outra proposta polêmica é alvo das manifestações dos LGBTs: Dois projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado debatem formação dos lares e divergem sobre inclusão ou não de casais homossexuais e pais solteiros nessa legislação. E o que a Parada Gay de Taguatinga pretende neste domingo é justamente colocar essa discussão em foco.
Além da família chamada tradicional, que inclusive, segundo último senso do IBGE, deixou de ser maioria no Brasil, existem as famílias homoafetivas e as formadas não só pelos laços consanguíneos ou matrimoniais, mas que se criam pelas mais diversas relações de afeto. O que define família é o amor”, ressalta Platini.
Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2010, o modelo familiar formado por pai, mãe e filhos deixou de ser maioria no Brasil. Os novos arranjos já representam 50,1% dos lares brasileiros, contra 49,9% da formação tradicional.