Se é doce viver no mar, o mesmo pode ser dito sobre o curtir o Paranoá, lago artificial que com seu imenso espelho d’água evita que Brasília sofra com clima desértico. É assim que pensa o baiano Nako César, escritor de mão cheia, como, aliás, todos os que, na Terra de Todos os Santos, se aventuram pelo caminho da literatura.
Trocando sua Salvador por Brasília, após passar em concurso público, Nako fez da capital do País sua segunda terra. E é lá, em meio à correria das suas atividades profissionais, que encontra tempo para buscar inspiração e escrever contos, crônicas, poemas e romances.
Tive uma interação prazerosa com Nako, por meio do correio eletrônico. Os principais trechos da entrevista podem ser lidos a seguir:
Fale um pouco sobre você, seu nome (se quiser, pode falar apenas o artístico), onde nasceu, onde mora, sobre sua trajetória como escritor.
Meu nome é Renato César (Nako Cesar), nascido em 1970 no estado da Bahia. Morava em Salvador e no ano de 1999 passei em um concurso público e vim morar em Brasília. Desde a adolescência escrevia e gostava de poemas e textos filosóficos. Na faculdade descobri alguns concursos literários e comecei a participar. No início lecionei em uma escola e depois resolvi buscar mudar de carreira por concurso público, então acabei deixando de escrever com frequência quando trilhei uma carreira pública aqui na capital federal. Escrevi muito durante este tempo, mas nunca me preocupei em divulgar e publicar; participo de concursos literários escrevendo contos, crônicas e poesias.
Como a escrita surgiu na sua vida?
Naturalmente como uma necessidade contínua e atuante, ainda que não dispusesse de muito tempo, dava um jeito e escrevia um pouco. Algo que me acompanhou em todas as etapas da minha vida.
De onde vem a inspiração para a construção dos seus textos?
Flui naturalmente, sem muito esforço, principalmente a poesia.
Como a sua formação ou sua história de vida interferem no seu processo de escrita?
Sempre lidei com pessoas, seja no tempo que lecionei ou como gestor público, contribuiu muito no processo de observação e relacionamento social o que me levou a analisar o comportamento humano, suas relações e consequências.
Quais são os seus livros favoritos?
Leio de tudo e gosto de variar o gosto, romances policiais, filosóficos, crônicas e contos. Posso citar alguns livros que ajudaram muito no início da minha formação como pessoa: Dom Casmurro, Feliz ano Velho, Brida, Amar se Aprende Amando, A República, O Processo, O Problema do ser do Destino e da Dor, O Livro dos Espíritos, A Bíblia, O Alienista, O Cortiço e os Sertões.
Quais são seus autores favoritos?
Os clássicos: Machado de Assis, Drummond, Ruben Braga, Graciliano, Paulo Coelho, Raquel de Queiroz, filosofia antiga, espiritualista, comportamental e os escritores mais jovens, como Raphael Montes.
O que é mais importante no seu processo de escrita? A inspiração ou a concentração? Precisa esperar pela inspiração chegar ou a escrita é um hábito constante?
Tenho lido muito sobre escrita criativa e o seu processo. Escrevo por inspiração e concentração ao mesmo tempo. Observo as coisas do cotidiano e procuro meditar sobre elas, e as ideias vão surgindo como água de nascente.
Qual é o tema mais presente nos seus escritos? E por que você escolheu esse assunto?
Os questionamentos da humanidade e as suas aflições. Desde a rotina do humano, passando pelo transcendental. Mostrar para as pessoas que as dificuldades e diversidades que encontramos na vida, fazem parte do processo de transformação e do progresso de cada ser.
Para você, qual é o objetivo da literatura?
Expressar os sentimentos com liberdade e consciência, despertando o ser para um progresso natural e inflexível.
Você está trabalhando em algum projeto neste momento?
Estou escrevendo um romance policial e um livro filosófico, além dos poemas e contos que são mais frequentes.
Quais livros formaram quem você é hoje? O José Seabra sempre cita Camilo Castelo Branco como seu escritor predileto, o Daniel Marchi tem fascinação pelo Augusto Frederico Schmidt, e o Eduardo Martínez aponta Machado de Assis como a sua maior referência literária. Você também deve ter as suas preferências. Quem são? E há algum ou alguns escritores e poetas contemporâneos que você queira citar?
Machado de Assis e Drumond. Tenho acompanhado pelas redes sociais e lido alguns mais jovens, dentre eles, como já citei, Raphael Montes.
Como é ser escritor hoje em dia?
Com o evento das redes sociais aumentaram as oportunidades para quem está iniciando na carreira, mas por outro lado, se vende muita ilusão de riqueza e fama. O escritor tem o papel árduo de transformar as ideias instantâneas das mídias em algo substancial que faça o leitor meditar, absorver, modificar e contribuir para um mundo melhor. Escrever é despertar no outro uma nova forma de ver a vida, o outro e o mundo.
Qual a sua avalição sobre o Café Literário, a nova editoria do Notibras?
É uma excelente ideia, uma grande divulgadora da cultura, da literatura e uma oportunidade única para os escritores iniciantes e os amantes da boa leitura.
Tem alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar?
Sinto-me grato pela oportunidade. Parabéns pelo profissionalismo da equipe do Café Literário.