Alguma vez você parou para pensar sobre essa contínua sensação de vazio que sente? Acredito que sua resposta será positiva, pois quem nunca passou por essa situação de se ver em algum momento precisando de um colo, de uma palavra amiga, de um apoio incondicional que preencha o coração.
Mas tem situações que não se resolvem nunca, pessoas que vivem carentes, em busca da atenção do outro e que normalmente nos faz distanciar porque é uma demanda sem fim, acompanhada de reclamações sem solução.
Quanto mais tentamos ajudar com sugestões, palavras de positividade, mais se justificam invalidando qualquer movimento que sugerimos para ajudá-los a sair desse caos emocional. Acabamos nos sentindo impotentes e nos afastando, até porque cada um muda à medida que se abre para o novo, e para isso é preciso ter desejo e força para buscar o que pode ser uma solução.
Pensei aqui falar de um viés dessa carência que é pouco explorado, que se manifesta no desejo de dominar o outro. Isso mesmo, o desejo compulsivo de que o outro nos satisfaça de alguma forma. Talvez seja uma movimento muito inconsciente, e normalmente é por ser muito sutil em algumas situações, mas tem pessoas que percebem que são assim, só que conseguem ou não querem mudar.
Esse movimento tira a energia das pessoas com que se convive, pois envolve um esforço extra para sempre concordar com o ponto de vista que o carente quer impor. Já prestou a atenção a esse comportamento? Pessoas que precisam sempre ter a última palavra, que buscam a todo custo te convencer de que o que pensa é o correto, que precisa ser seguido, mesmo que tudo mostre o contrário.
Esse é um jeito de tentar se sentir no poder, de possuir algo mesmo que seja da ordem do imaginário, de querer se sentir importante, no domínio das situações. Aqui muitas vezes viramos vítimas do carente, que nos faz sentir responsáveis pela infelicidade dele, nos faz sentir ignorantes em vários aspectos e impotentes perante situações que nem estão sob nosso controle.
Mas estamos aqui focando na sua carência, no quanto esse comportamento aparentemente simples de querer que concordem com você é na verdade uma demonstração da sua fragilidade interna, do quanto se sente inseguro e precisa ser validado em suas percepções e escolhas por outras pessoas.
Sugiro então que após essa reflexão você possa se olhar e se propor a mudar, com um exercício simples, porém que irá exigir muita humildade e recolhimento, que é deixar que o outro finalize as conversas, que não tente forçar o outro aprovar suas escolhas, gostar dos mesmos lugares que gosta de ir, que não tenham a mesma atitude em situações que você acredita serem corretas.
Vamos tentar fazer diferente? Olhar para si mesmo e identificar se esse carente mora dentro de você e como ele age? Caso ele apareça, vamos praticar o desapego e permitir que o outro possa sim ser diferente e que isso não seja algo agressivo e nem faça com que precise tirá-lo de sua vida por ser ou pensar diferente?
Aguardo aqui o seu relato de como foi a experiência para você, tenho certeza de que essa simples mudança fará suas relações melhorem muito, pois pequenos e grandes atritos poderiam ser evitados com um comportamento simples de respeitar as diferenças.
Existem caminhos e atitudes mais assertivas para que você se sinta seguro e bem consigo mesmo, mas acredite, não será dominando alguém para que ela seja como você quer.