Um erro de estratégia da campanha de Ibaneis Rocha (MDB) começa a abalar o comitê de reeleição do governador, A ideia inicial, desenhada prematuramente, foi a de que os partidos de oposição (aqueles chamados verdadeiramente de esquerda) diluiriam seus votos numa campanha fraticida, garantindo mais um mandato ao atual ocupante do Palácio do Buriti.
O primeiro balde de água no chopp da suposta vitória antecipada veio nesta quinta-feira, 25, com a corajosa decisão de Rafael Parente (PSB), de sair da disputa e anunciar apoio ao deputado distrital Leandro Grass, que encabeça a chapa da Federação PT-PV-PCdoB. Não será surpresa se outros candidatos progressistas seguirem o mesmo caminho, colocando em risco, assim, a ida de Ibaneis para o segundo turno.
Como as intenções de votos de Leandro e Rafael, somadas, passam Leila do Vôlei e empatam tecnicamente, segundo as últimas pesquisas, com Paulo Octávio (PSD) e seu vice Luiz Felipe Belmonte (PSC), a tendência é a de que a dupla empresário-advogado cresça ainda mais, em especial com a campanha no rádio e na televisão. E seus eleitores são os mesmos de Ibaneis. A diferença é que o governador, embora liderando as pesquisas, tenha uma rejeição do tipo chutar cachorro morto.
A tradição política em Brasília sempre indicou polarização entre esquerda x centro e centro-direita. E mais: não há, na história da capital da República, nenhum caso de governador ser reconduzido ao cargo, exceção feita a Joaquim Roriz, que teve um mandato por nomeação, na época do regime militar, e outro, na sequência, conquistado nas urnas.
Mas, recuando no tempo, recorda-se que quando tentou, uma vez mais, avançar com seu projeto de criar mais cidades-satélites, hoje denominadas Administrações Regionais, Roriz levou um banho nas urnas de Critóvam Buarque, então queridinho dos petistas em todos os rincões do Distrito Federal. E para provar que ninguém se reelege, Roriz deu o troco na eleição seguinte.
Desde então, José Roberto Arruda caiu no meio do caminho, ao engasgar-se com excesso de panetone; Agnelo Queiroz tropeçou nos tijolos do Mané Garrincha; e Rodrigo Rollemberg morreu sufocado por sua própria arrogância. O bom de todo esse novo quadro é que Paulo Tadeu e seu grupo do PT que tenta eleger Ricardo Vale deputado distrital, será obrigado a rever seus planos e retirar o apoio explícito a Ibaneis, como revelado há dois dias por Notibras, sob pena de perder a legenda.
A adesão de Rafael Parente foi comemorada efusivamente por Leandro Grass. “Foi um gesto de grandeza e generosidade em torno de um projeto forte do campo progressista”, afirmou o candidato da Federação PT-PV-PCdoB.
“Minha relação com o Rafael é de anos, sempre foi programática, pragmática e de afinidade em torno do que acreditamos para o Brasil e para o Distrito Federal. Nós já estivemos juntos, discutindo ideias para o país e para Brasília. Temos em comum o trabalho na educação, ele é PHD na área, tem muito a contribuir conosco. Somos da mesma geração e nos unimos a outras gerações experientes do nosso campo para fazer o melhor para o DF”, escreveu Grass em nota à imprensa.
Segundo Leandro, essa união “vai derrotar a face mais perversa da política do DF, representada por Ibaneis e pela Flávia Arruda. Estamos diante da dualidade entre a barbárie e a civilidade, a democracia e a intolerância. Os que têm empatia com o povo, e os que riem ou ignoram quando as pessoas estão morrendo”, encerrou.