Presente em praticamente todas as listas de lugares mais bonitos do mundo, o Parque Nacional de Torres del Paine, ponto alto da Patagônia dentro das fronteiras do Chile, arrebata qualquer viajante apaixonado por natureza. Afinal, a reserva localizada a quatro horas da cidade de Punta Arenas (que está a 3h30 de voo de Santiago) tem o privilégio de abrigar enormes maciços rochosos de granito com picos nevados – as tais torres – à beira de lagos azul-turquesa e glaciares de brancura infinita.
Considerado um verdadeiro playground para amantes das caminhadas em meio à natureza, o parque criado em 1959 recebe cerca de 150 mil turistas por ano e se tornou um clássico do trekking mundial. Especialmente quem curte longas caminhadas e não se importa em acampar em lugares de clima instável, mesmo na temporada mais quente. As duas maiores trilhas, chamadas “w” e “o” (pelo desenho que fazem no mapa), tem 71 e 93 quilômetros, respectivamente. A primeira dura quatro dias e a segunda, oito.
Mesmo sendo um destino dos sonhos dos ecoturistas, o Paine recebe cada vez mais viajantes urbanos, menos “chegados” em esforço físico. A instalação de hospedarias de luxo, construídas de forma sustentável e com arquitetura integrada à paisagem, tem atraído apreciadores de cultura, design e gastronomia – que curtem o lugar em caminhadas leves, de duas a quatro horas, ou no conforto de vans com ar condicionado.
O jeito mais intenso de experimentar o Torres del Paine é andando, andando, andando – como tive a oportunidade de fazer em 2006, revela Daniel Nunes Gonçalves, em reportagem do Uol. Com um grupo de outros seis montanhistas brasileiros, encarei a trilha mais “casca-grossa”: o circuito “o”, que circunda o maciço Paine ao longo de oito dias. Subindo e descendo vales e montanhas, cruzando campos de margaridas e beirando lagos e glaciares, desbravei cada curva em pleno êxtase.
Ainda que existam alojamentos confortáveis ao longo do caminho, optei pelo clássico: eu e meu grupo carregamos nossas próprias barracas, comida e roupas, pernoitando em sete refúgios diferentes ao longo da jornada. A maioria tem banheiro e água quente, mas há alguns mais despojados em terrenos por vezes enlameados ou com muito vento. Além da taxa de entrada no parque, é preciso pagar por cada camping.
Nove anos depois da primeira visita, tive a oportunidade de voltar ao Torres del Paine em abril de 2015. Dessa vez, porém, em outro estilo. Me hospedei no Tierra Patagônia, um dos requintados hotéis da região, que oferece conforto de primeira linha, um menu basicamente de passeios light, comida de chef e experiências culturais, como cavalgadas e churrascos gaúchos nas haciendas, as fazendas patagônicas.
Boa parte das atrações se repete tanto na aventura dos campistas quanto na refinada estada em hotéis. É o caso da caminhada à base das Torres, onde elas se exibem refletidas no lago adiante. Mesmo distintas, as duas vivências são igualmente prazerosas. Quem opta pelo trekking e pela barraca mergulha na cansativa exploração da Patagônia selvagem. Já os viajantes que escolhem os hotéis degustam o lugar em doses homeopáticas, mas comendo e dormindo muy bién.