Perderam, manés
‘Patriotários’ deixam QG com a cabeça oca com que chegaram
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emO Brasil ainda é um país de alguns analfabetos e outros tantos de cultura abaixo da média. A maioria dos brasileiros nesses perfis está concentrada nas camadas menos aquinhoadas. Infelizmente, isto é um fato. Entretanto, muito distantes da capacidade de interação dos que não foram além do ensino básico, os incluídos no conceito de ignorantes e de beócios estão por toda parte, embora se concentrem em maior número onde a estultice se confunde com a perversidade, o preconceito e a escuridão social. É o caso do cercadinho criado pelo finado Jair na periferia do Palácio da Alvorada e dos guetos montados em frente aos quartéis que até domingo, dia 1º de janeiro, não tinham dono, apesar da ruma de coronéis e generais encastelados.
Havia por lá um tenente fantasiado de presidente, cujas ordens estapafúrdias só eram seguidas por conta do que estabelece a Constituição. Daí a razão porque capitães, majores, coronéis e generais não tragavam, mas legalmente eram obrigados a engolir o inferior que se achava superior. Se achava, mas só foi na cabeça oca de seus fanáticos seguidores, para os quais o mito seria eterno, mesmo tendo sido inventado na alcova da elite, na boleia dos caminhões dos agro negociadores da nação, na cabine dos tratores dos madeireiros criminosos, na bateia dos garimpeiros ilegais ou nas ideias daqueles que têm titica vencida no lugar do cérebro.
São seres do tipo camarão congelado, estágio em que a gente descobre mais facilmente o que eles têm na cabeça. São de dar dó, pois só perceberam quanto são pequenos depois da porta arrombada. Perderam quase 60 dias de suas vidas tentando reverter o irreversível. Juravam que Luiz Inácio não seria diplomado. Foi, e com honras militares e festa popular. Acreditavam que Lula não tomaria posse. Tomou, e na presença de toda a República, com transmissão ao vivo pela Globo Lixo para o mundo inteiro. Prometeram que o presidente eleito não subiria a rampa. Subiu, e simbolicamente levou o povo junto.
A partir de agora é governar. Fazer o melhor dos três governos de sua existência não é apenas um dever, mas a esperança de cerca de 215 milhões de brasileiros, entre eles os pobres coitados que, sob sol e chuva, tiveram de gritar diariamente Fora Lula sem convicção alguma. Todos, inclusive os que, como eu, voltaram a ser eleitores de Luiz Inácio, estão confiantes na sua volta por cima. Sobre os patriotas, Deus se encarregará deles. Vizinho do QG do Exército em Brasília, onde meu personal trainer caminha religiosamente cinco km para mim, fui informado que, no dia seguinte à posse, os acampamentos do entulho golpista (a patriotada sem nexo) estavam esvaziados.
Pior do que isso. Bandeiras, folders, cartazes, bandanas e acho que até bombas de efeito retardado viraram lixo comum, tão comuns como o que fingiu gerenciar o Brasil nesses últimos quatro anos. Com semblantes semelhantes aos de cachorros que caem do caminhão de mudança, os integrantes da natimorta seita bolsonarista não sabiam que rumo tomar. O clima era de funeral do líder da Rússia ou da China, países nos quais o povo é obrigado a chorar por qualquer um com alguma estrela no peito. Ridicularizados, murchos, chorosos, decepcionados, patrioticamente duros e estrogonoficamente nauseabundos, não tiveram alternativa: voltaram para casa como chegaram: só com a roupa do corpo. As promessas se perderam pelo caminho. Na verdade, foram esquecidas desde janeiro de 2019, primeiro mês da (indi)gestão bolsonariana.