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“Patriotas” crucificam Lula, mas silenciam sobre extermínio de “Bibi”

Com todas as vênias aos que buscam o Muro das Lamentações para chorar o que nunca lamentaram, estou à procura do site que está recebendo inscrições para o título de persona non grata de Israel. Sou candidato até que Benjamin Netanyahu e seus asseclas parem de usar a matança do povo da Faixa de Gaza como moeda política. Dono de um dos maiores orçamentos mundiais para guerras, o primeiro-ministro israelita não está em condição de peitar ninguém. Aniquilar com o grupo terrorista Hamas à custa do genocídio covarde dos palestinos é o mesmo que jogar bêbados e cracudos nos rios Guandu e Tietê por falta de uma política capaz de reconhecer a ineficiência de sua gestão.

Por mais que se esforce, não há hipótese de Netanyahu sair bem desse grotesco, sangrento e macabro episódio. Com um aparato de espionagem do tipo exportação e com sua força bélica, Bibi não conseguiu monitorar os fundamentalistas do Hamas. Nas barbas ralas do primeiro-ministro sem voto, os terroristas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram outras 250. Tudo bem que qualquer ação merece uma reação. Entretanto, combalido politicamente, Benjamin inventou uma guerra de grandes proporções para libertar reféns. Passados mais de dois meses do início do confronto, ele come poeira, engole sapos, perde soldados e atinge seu ponto crítico de apoio internacional.

Do mesmo modo que seu similar brasileiro viverá mais 200 anos e não encontrará argumentos para negar o golpe, Bibi não está em condição de dar esporro em ninguém, muito menos em alguém que, pode ter exagerado na tinta, mas não disse nenhuma inverdade. Para as consumidas lideranças de Israel, é vergonhoso Lula comparar a matança em Gaza com o Holocausto. Para os mesmos que amam seus inimigos deve ser lindo o extermínio do povo palestino. Como diria o poeta da tribo Aquidauanus, pimenta no Forever dos outros é refresco. Bombardear o abrigo dos Médicos sem Fronteiras é de Deus, mas considerar Netanyahu genocida é do Diabo. Interessante como o líder israelense usa com facilidade os dois pesos e as duas medidas.

Lá como aqui, tudo de ruim é culpa do Hamas ou dos esquerdopatas. Menos o golpe, que, para os “patriotas” é uma invenção fantasiosa de Lula e dos defensores da democracia. Líder da oposição no Senado e bajulador de todas as horas do mito gregoriano, Rogério Marinho (PL-RN) foi às redes sociais para regurgitar o fel amargo que ele teve de engolir com a derrota de seu amado mestre. Para o senador, a declaração de Luiz Inácio representa “rasgos de senilidade, maldade deliberada, ignorância histórica”. E o que ele tem a dizer sobre o golpe que o chefe não soube dar? Nada. E a respeito da senilidade daqueles que negam o 8 de janeiro? Quanto custa manter acesa a tese da negativa golpista? Como já li aqui em Notibras, “E na bunada não vai dinha?”

Desde a invasão da Faixa de Gaza, o amigo dos amigos do Jair não se cansa de jogar nuvens de fumaça sobre suas ações genocidas. No entanto, mesmo até a medula encalacrada com acusações de corrupção, é idolatrado pelos deuses brasileiros do caos. Quanto à similaridade da conduta, parece, mas não é mera coincidência. É fato venéreo. Querem retratação? Primeiro assumam a tentativa de golpe, o genocídio deliberado durante a pandemia de Covid 19 e todas as demais sacanagens praticadas no governo de José Mojica. Não se esqueçam das joias da Arábias. Como disse um famoso colunista brasileiro, “só idiotas e bolsonaristas mascarados ainda acreditam em Bolsonaro”.

Em Tel Aviv como em Brasília, personagens bárbaros e aparvalhados tentam ressurgir das cinzas sob o batido argumento da perseguição. Perdão ao criador do desenho, mas é o mesmo que dizer que Penélope Charmosa é quem perseguia Kid Vigarista e seu bando. Sei que não disponho – e jamais disporei – do poder de acabar com a idiotice do povo apatriotado. Todavia, tenho o direito de lembrar que há bobo pra tudo. A respeito do futuro do Brasil sem Jair, devo dizer que Paulatim deambulando, longum conficitur ite, ou seja, Devagar se vai ao longe. Diretamente sobre o mito, digo que Ut sememtem feceris, ita metes. Traduzindo, Cada um colhe o que planta. Os cristãos aguardam a chegada do Messias em Bangu ou em Mossoró. Alea jacta est.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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