Patrulhar Janja de cima a baixo é coisa de um machismo escancarado

Confesso que me causa certo incômodo ver as pessoas falando da esposa do presidente o tempo todo. Dissecam a roupa que ela veste, o jeito de andar, o sorriso, o tom de voz, como se ela tivesse obrigação de corresponder a um manual imaginário de “primeira-dama perfeita”.

Além do machismo escancarado, essa obsessão desvia o foco do que realmente importa: o governo, as decisões políticas, os rumos do país.

No velório do Papa Francisco, ela foi fotografada sorrindo e logo veio a condenação pública, como se sorrir num evento que, além de cerimonial, reúne líderes globais e é espaço de articulação política, fosse algum tipo de crime. Como se Janja não pudesse ser cordial, diplomática, ou simplesmente humana.

Essa patrulha sobre cada gesto diz muito mais sobre a sociedade do que sobre ela. E enquanto perdem tempo julgando aparência e comportamento, o essencial vai passando despercebido..