Pedro Venceslau e Gilberto Amendola
Enquanto o PT rejeita qualquer diálogo com o presidente Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), caso ele assuma a Presidência no lugar de Michel Temer, o PCdoB deixou o caminho aberto para uma aproximação.
Antagonistas no campo ideológico, os integrantes do PCdoB e Maia sempre mantiveram boas relações no Congresso Nacional. A proximidade pode se transformar em aliança se o deputado do DEM suavizar a defesa da reforma trabalhista.
As duas partes têm conversado discretamente sobre isso. No PCdoB, o maior entusiasta da articulação é o ex-ministro Aldo Rebelo, amigo de Maia.
Com o acirramento da crise e a radicalização do discurso do PT após a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PCdoB passou a discutir com outras siglas da oposição, como PDT e parte do PSB, a formação de um bloco parlamentar partidário independente.
“Observo no movimento de dois partidos – PT e PSDB – um roteiro de isolamento. Acreditamos que deve haver um diálogo com o PDT e parte do PSB. Sobre Maia, só há espaço de diálogo se ele não tiver um discurso radical de direita”, diz o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
Questionada sobre esse cenário, a deputada Luciana Santos (PE), presidente nacional do PCdoB, não descartou a aproximação. “O PCdoB se caracteriza por ser firme nos objetivos e flexível nas construções políticas que barrem o retrocesso no País”, afirma Luciana.
Apoio – Em caráter reservado, integrantes do PCdoB lembram que Maia apoiou Rebelo quando o ex-ministro se elegeu presidente da Câmara, em 2005. No ano passado, foram eles que apoiaram a candidatura vitoriosa do deputado do DEM. Em meados de maio, lideranças do PCdoB, PDT, PSB e SD chegaram a articular a candidatura de Rebelo como vice de Maia em caso de eleição indireta.
Maia e Rebelo, que está sem cargo público, se encontraram diversas vezes nos últimos meses. Questionado, o presidente da Câmara reconhece uma única conversa durante a atual crise política, em jantar na embaixada da China. Rebelo não foi localizado pela reportagem.