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Peça busca memória da inquisição em marcos da capital paulista

Foto/Divulgação

A atuação da Inquisição na Idade Média não esteve muito longe da cidade de São Paulo. O tema é o que motiva o espetáculo Heresia, que estreia nesta segunda-feira, 13, às 13h, na Praça da Sé.

A montagem é uma intervenção urbana que parte da notícia de perseguição às mulheres promovida pela Igreja Católica na capital, no século 19. “Reconhecemos que ao longo de toda a história, a mulher sempre teve um péssimo relacionamento com o Estado e com a Igreja”, conta a diretora Cris Lozano, que tem como assistente o ator Alessandro Hernandez.

Sem a intenção de criar um espetáculo de rua, no qual o espaço urbano é tratado como cenário, Heresia busca construir um diálogo com marcos históricos da cidade. A escolha da região central se pauta no aspecto simbólico, já que a Praça da Sé abriga o Marco Zero da cidade e a Catedral. “Além de sinalizar o início do crescimento de São Paulo, existe a presença da Igreja Católica, diante de todos”, explica Cris.

Depois da Praça da Sé, haverá a segunda parte do espetáculo, que será realizada, às 15h, no Pátio do Colégio. O local teve, por volt de 1554, a primeira construção da cidade, na época incentivada pelos jesuítas para o processo de catequização dos índios. Ao lado do Museu Anchieta e da Basílica, os prédios da Secretaria da Justiça e do Tribunal de Justiça compõem a abordagem do espetáculo, conta a diretora. “O Pátio foi palco do extermínio dos índios e, além dessa história sangrenta, hoje reúne muitas pessoas marginalizadas”, diz.

“O espetáculo ainda traz alguns relatos das atrizes. Nossa intenção é criar deslocamentos de ponto de vista, para que seja possível encarar a presença desses marcos diante de temas urgentes como o aborto e a violência contra a mulher, que só cresce no Brasil”, explica.

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