Lobos, pandas, dragões, flores e réplicas de monumentos e de pontos turísticos como a Estátua da Liberdade, o Coliseu, o Arco do Triunfo, as cabines telefônicas vermelhas londrinas, a Torre Eiffel e as Pirâmides do Egito. Todas essas esculturas chinesas – feitas em seda colorida e confeccionadas de maneira artesanal por 150 artistas – estão em exposição no Jardim Botânico de São Paulo.
Em uma mistura de arte, cultura e tecnologia, a mostra faz com que os visitantes caminhem por uma espécie de trilha, que passa por entre um jardim de esculturas gigantes e iluminadas dispostas em cerca de 40 cenários diferentes.
Chamada de Lektrik Art, a mostra – que já percorreu cidades como Miami, Los Angeles e Nova York, nos Estados Unidos, mas com outro formato – conta diversas histórias sobre o mundo.
“Essa exposição é inédita. Em cada local é feita uma exposição diferente. Inclusive, ela é inédita na América Latina”, explica Rafael Silveira, diretor de operações do complexo da Reserva Paulista, em entrevista à Agência Brasil.
“As esculturas são feitas em um método milenar e artesanal de trabalhar o tecido. E elas fazem uma viagem pelo mundo, trazendo um pouco de alegorias de cada canto do planeta”, diz Silveira.
Arara-azul-de-lear
Entre as esculturas há, por exemplo, algumas que representam projetos de conservação do Zoológico de São Paulo, como a arara-azul-de lear.
A autônoma Érica Maria da Silva, 33 anos, visitou a exposição na noite da última quarta-feira (15) junto com seu marido e seu filho. “Fiz o percurso todo duas vezes”, afirmou.
“Achei a exposição muito legal e bonita, só achei que faltou uma sinalização com algumas placas indicando o que é ou que país representa cada escultura. Mas achei ela linda e criativa e vale a pena ir com toda a família”, assegurou. Davi, de oito anos, filho de Érica, disse ter gostado especialmente de uma escultura de um passarinho.
A veterinária Carolina Raimondi, 45 anos, levou os dois filhos para ver a mostra. “Eu achei que esse trabalho com a seda ficou muito interessante. É um trabalho muito minucioso, colorido”, disse.
Seus filhos Cora, oito anos, e Benício, dez anos, gostaram particularmente das esculturas de flamingos e dos shows que aconteciam na praça de alimentação, ao lado da exposição. Eles também apreciaram especialmente uma escultura gigante de um dragão “que mexia a cabeça”.
Fauna e flora
Segundo a organização do Jardim Botânico, a mostra ocupa um espaço de apenas 5% do parque e foi montada após estudos de fauna e flora para que não trouxesse prejuízos para a preservação das espécies.
“Fazia todo o sentido que trouxéssemos esse evento para o Jardim Botânico para dar ênfase para a nossa fauna e nossa flora com elementos do Brasil e do mundo. Isso proporciona não só a questão da conservação ambiental, mas também de fomento à cultura”, opinou Silveira.
A mostra pode ser visitada de quarta-feira a domingo, com sessões a partir das 17h. Os ingressos estão à venda pelo aplicativo da Fever, na bilheteria e no site do Jardim Botânico com valores a partir de R$ 39 (meia entrada). Mais informações podem ser obtidas neste site.
Pesadelo
Por meio de nota encaminhada à Agência Brasil, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) disse considerar “espantoso e uma grave ameaça à biodiversidade a realização de um festival de luzes dentro do Jardim Botânico de São Paulo”.
“O que é amplamente divulgado como um convite para que o cidadão ‘mergulhe em um mundo fantástico de selvas antigas, reinos subaquáticos e culturas lendárias em uma trilha iluminada exclusiva’, na verdade é um pesadelo para a fauna e a flora de um dos principais remanescentes de Mata Atlântica na Capital, oo Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, anteriormente chamado de Parque do Estado”, diz a nota da associação.
“Como pano de fundo deste desrespeito ambiental está uma política de entrega do patrimônio ambiental público à iniciativa privada que concede áreas de pesquisa e conservação ambiental, transformando locais de contemplação natural em shoppings a céu aberto. Ao explorar o lucro a qualquer preço, estas empresas ignoram a função ambiental dos parques e colocam em risco toda a biodiversidade”, acrescentou a associação.