Denise Caputo
Uma comissão de servidores da Caesb entregou aos deputados distritais, na tarde desta quarta-feira (3), pedido de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar “indícios de corrupção na gestão atual do órgão”. Segundo Alexandre Pimenta, da diretoria do Sindágua-DF, o requerimento conta com mais de 25 mil assinaturas de brasilienses. Se correto, o número pode resultar na primeira CPI de iniciativa popular do DF.
O pedido de investigação e as assinaturas colhidas foram entregues em plenário, durante suspensão da sessão ordinária da Câmara Legislativa, e a presidente da Casa, deputada Celina Leão (PPS), pediu que os documentos fossem protocolados oficialmente ainda nesta tarde. No requerimento, há denúncias de que o presidente da Caesb teria assinado contratos com empresas ligadas a sua família.
O requerimento foi apresentado com amparo na Lei nº 5.608/2016, de autoria do deputado Ricardo Vale (PT), que prevê a criação de comissão parlamentar de inquérito de iniciativa popular, desde que atendidas as formalidades, como ter a assinatura de 1% do eleitorado do DF, distribuídos por três zonas eleitorais.
Negociação – Celina Leão lembrou que os servidores da Caesb estão em greve há quase três meses e acusou o governo de “falta de vontade” para construir uma solução. “Recebemos com respeito a demanda de criação da primeira CPI de iniciativa popular, mas é frustrante perceber a incapacidade de diálogo do governo com o servidor”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado Chico Vigilante criticou a “falta de habilidade” do governo no processo de negociação. “A conta de água subiu 16% em 2015, e quase 11% este ano”, apontou, lembrando que a Caesb não se subordina aos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Autor da lei que prevê a criação de CPI de autoria popular, Ricardo Vale destacou que a Caesb é um “patrimônio público”. Já o deputado Raimundo Ribeiro (PPS) fez questão de comentar a acusação de que haveria nepotismo nos quadros da companhia – servidores argumentam que o próprio presidente do órgão seria primo do governador. “Isso não é do agrado da população, que não votou no governo para isso”, afirmou.
Para o líder do governo na Casa, deputado Júlio César (PRB), é preciso cautela. “De onde tirar dinheiro para todas as categorias? A posição do governador é muito difícil”, argumentou.