Notibras

Pega o denário, Rollemberg, porque o cipó seca e quebra

José Seabra

Em tempos de crise hídrica e de cofres vazios, a vaca pode ir definitivamente para o brejo. Mas, se de um lado a água depende – e muito – da boa vontade de São Pedro, o mesmo não pode ser dito do dinheiro. Para matar os aracnídeos que infestam as contas públicas, basta ao governador Rodrigo Rollemberg fazer a opção entre ter em sua equipe nomes que fazem lembrar o Imperador da Terra, ou, a Primeira-Dama das Selvas.

O dilema consiste em aparar algumas das arestas existentes entre o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). A causa da divergência é uma nova etapa habitacional no Taquari, que, licitada, pode render mais de 1 bilhão de reais para o governo.

Ocorre que Jane Maria Vilas Bôas, nascida no Pantanal e criada no Acre – e por isso mesmo conhecida como a esposa de Tarzan -, alega que, com o aumento da população do Taquari, ratazanas podem invadir a Floresta Nacional. Com essa preocupação em mente, a presidente do Ibram acena com a suspensão da licença ambiental do bairro, que existe há mais de 20 anos.

Júlio César Reis, nascido em Minas e conhecido como Imperador (por lembrar o velho líder romano, ter a descendência de dentista barbudo, e monarcas no sobrenome) rejeita os argumentos da sua colega de governo. Primeiro, diz a assessores, em tom de desabafo, é longa a distância entre o Taquari e a Florestal Nacional; segundo, ratos silvestres são abudantes; e terceiro, os riscos ao ecossistema, se existem, estão mais para os lados da Estrutural e de Vicente Pires.

A defesa do Taquari feita pelo presidente da Terracap é de quem entende do assunto. Afinal, não é todo mundo em Brasília que tem, como ele, títulos de especialização em Geoprocessamento, Direito Urbanístico e Regulação Ambiental, Topografia, Cálculos e Cartografia. Não bastasse isso, Júlio César é profundo conhecedor da área de planejamento urbano.

O imbróglio está criado. A Terracap, como toda empresa, vive de resultados. O Taquari, uma espécie de paraíso desejado mais do que a maçã mordida por Eva, não pode ficar à mercê de uma Rede que dá suposta sustentabilidade ao Buriti. O processo de licitação está a caminho, mas teme-se que ambientalistas espalhem veneno por todos os lados.

Assessores que entram na sala de Rollemberg sem precisar bater na porta, ouvidos por Notibras, sugerem que a paciência do governador está se esgotando. E entendem que é melhor ter na mão um denário com a esfinge de um imperador em uma das faces, do que uma serpente no calcanhar. Ou, se for o caso, deixar ela quietinha, desde que extraia todo o veneno antes.

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