Barrado no baile
Peixe morre pela boca entre vala preta e xilindró
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emPimenta no roscofe alheio realmente é refresco. Desconheço a autoria do ditado, mas certamente é de um brasileiro e tem como referência a família desagregadora do mito Mazzaropi e da joia da Palmirinha, pai e madrasta dos quatro zeros à direita, que só operam à esquerda. A última do clã buscapé está bem longe da primeira, embora tão tragicamente bestial como todas as demais. Semana passada, aliados aos aliados do “capetão”, os zero zeros criticaram o presidente Luiz Inácio por ele não ter ido ao Rio Grande do Sul, atingido por um temporal que dizimou vários municípios do Estado. Tudo bem que queiram aproveitar a desgraça gaúcha para um novo palco para apresentações mambembes de suas catástrofes mal resolvidas.
Lula mandou uma ruma de ministros para o local. No entanto, é verdade que deveria ter pelo menos sobrevoado a região antes de partir para Nova Deli, capital da Índia, onde participou da reunião do G20. Barrado no baile dos poderosos, seu antecessor passou pelo 11, chegou ao 17 e depois pulou para o 22. Ficou por aí. Talvez ainda consiga muita reza, alguns perdões de patriotas sobreviventes e um uniforme listrado com o número 171 para fazer companhia aos bobalhões que ele tirou de suas famílias para tentar um golpe fracassado desde que generais de pijama e parte da PM do Distrito Federal resolveram encampá-lo. Foram todos jogados na areia movediça em que se transformou a Praça dos Três Poderes.
Mexeram com fogo e estão se mijando no xilindró. Quanto ao suposto erro de Lula, nada próximo das cagadas destiladas e executadas pelo comandante Rabicó. O Brasil não esquece que, em 2021, durante uma inesquecível enchente na Bahia, com 21 mortos e 77 mil desabrigados, o “coisinha de Jesus” optou por andar de jet ski nas praias do litoral de Santa Catarina, onde passou o Réveillon daquele ano. Pior foi sua atuação no longo período da Covid 19. Claro que ele não é coveiro, mas agiu como se fosse ao rotular de “mimimi” a dor do povo. Pior foi chamar de maricas os que acabaram morrendo diante do desconhecido vírus gerador da “gripezinha” que o cidadão em questão e seus incompetentes ministros da Saúde não souberam cuidar.
Como um peixe de vala preta, ele morreu pela boca e levou sob o coturno vários dos que lhe foram submissos. A turma que ainda não engoliu a derrota presidencial, tampouco a inelegibilidade eterna, é a mesma que não consegue ser protagonista de suas próprias vidas, preferindo ser plateia da de Lula da Silva. Respeitando a perda de uma duvidosa virgindade, esse povo lembra a vítima de estupro que se apaixona pelo estuprador. No auge do entediante culto ao mito de coisa alguma, lembro de ter lembrado do grande escritor inglês Oscar Wilde e dito a um ex-amigo que aceitava ele sabotar sua própria vida, mas que não me pedisse para explodir a minha.
O sujeito pediu e acabamos por desordenar o Brasil varonil que habitava nossa pátria amada, iluminada pelo céu de azul anil e ornamentada pela bandeira verde e amarela da democracia. Para ilustrar, Wilde é o autor da frase “falem mal, mas falem de mim”. É isso que Lula lá deve estar dizendo àquele que, após perder a credibilidade e liderança logo na entrada, foi obrigado a sair pela porta dos fundos. Com seu jeito de andar pelo mundo, Luiz Inácio certamente não precisa de andor, muito menos quer ser venerado em procissões normalmente encerradas em muros de lamentações, nos quais o que mais se faz é xixi.
Enquanto isso, Mazzaropi e Palmirinha aguardam contato da malharia para a última prova do fardamento que sua (ex)celência passará a usar em breve. Enjaulado no recesso do lar, Mauro Cid já soltou sua potente e temida voz. Se cuidem zeros 1, 2, 3 e 4. Enlouquecido, abandonado e isolado, o ambicioso zero nada dificilmente passaria hoje pelo teste da farinha. Seria reprovado tão logo afrouxasse o cinto. Parafraseando o Marquês de Maricá, a ambição é um enredo que nos enreda por toda a vida. Ou seja, ninguém é grande homem em tudo e em todo o tempo.