A delegacia estava um verdadeiro rebu, poucos policiais para atender aquela pequena multidão. Furto, ameaça, injúria… Os casos eram diversos. Mas o que despertou a atenção de todos foi uma mulher histérica gritando com um preso que acabara de entrar conduzido por alguns policiais: “Cadê o meu celular?”
O Santana, entediado no balcão da delegacia, tentou dar um salto da cadeira, mas o sobrepeso não lhe permitiu. Apoiou as duas mãos sobre os joelhos e, com um enorme esforço, conseguiu finalmente se levantar. Praticamente se arrastou até o preso e gritou:
– Cadê o celular da moça?
– Sei de celular nenhum não, senhor.
O delegado tomou a frente do caso, foi gerado o boletim de ocorrência e lavrado o flagrante. Em seguida, lá foram o Santana e outro cana levar o suposto ladrão para a cela. Mas primeiro deram o peladão, que é quando o detento tira toda a roupa e tem que dar três agachadas e tossir ao mesmo tempo para, caso tenha algo escondido em certas partes, isso seja expelido.
E foi justamente no derradeiro agachamento que, do nada, surgiu o aparelho celular da vítima; “Ploft!” O Santana, demonstrando até certa agilidade, pegou o tal aparelho no chão, ao mesmo tempo em que o outro policial colocou o preso na cela.
E lá foi o Santana, todo satisfeito, com o produto do roubo nas mãos. Ele ficou diante da vítima, esticou a mão com o aparelho e disse:
– Tá aqui, senhora, o seu celular!
A mulher, percebendo certa mancha marrom no aparelho celular e sentindo um odor extremamente desagradável, fez cara de nojo e deu dois passos para trás.
– Que fedor é esse, Santana?, perguntou o delegado.
O Santana, levando o aparelho bem perto do nariz, respondeu: “Ih, doutor, acho que o ladrão bosteou o celular da senhora aqui!”