Dedilhando o alaúde, belas canções entoava,
Para que pudesse trazer de volta o passado
De ilusões carregado.
O que em verdade existia não importava,
Apenas sonhava e cantava.
Canções para mim tão belas,
Que um dia aprisionei
Atrás das portas espessas,
Fechadas por ordem do rei.
Belas canções entoava,
Canções para uma mulher,
Canções para o meu amor.
E passado o tempo,
Ouço ao longe um acorde,
Como se lá estivesse
A libertar desejos e emoções
Com a alma do trovador.
E pelas ruelas do meu sonho
Meu amor vou perseguindo,
Tocando o alaúde
Entrecortando o medievo labirinto,
Afinados estribilhos, cantando amiúde
Por uma voz liberta, aguda e bonita,
Que não perdoa o silêncio, algoz da alegria,
Sem censura e pudor,
Voz que é bela, solta e infinita.
Peço a Deus que para sempre
Eu permaneça neste sonho,
Em minhas mãos o alaúde,
E n’alma a voz do trovador.
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Durval Pimenta é poeta, advogado e professor universitário