Após uma visita que enfureceu Pequim e provocou uma conflagração diplomática, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, disse nesta quarta-feira, 3 (horário ocal) que sua comitiva viajou a Taiwan para promover “a paz na região”. “Viemos em amizade a Taiwan, viemos em paz à região”, declarou ela durante uma reunião com o vice-presidente do parlamento da nação insular, Tsai Chi-chang.
Pelosi também destacou o apoio bipartidário da Câmara a Taiwan, apesar das advertências da China sobre “consequências” e uso de ação militar em resposta à sua visita. Ela mencionou os eventos violentos que ocorreram em 1989 na Praça Tiananmen em Pequim ao relembrar sua visita à China em 1991 e expressou preocupação com as políticas comerciais e transferências de tecnologia da China.
A presidente da Câmara americana também elogiou a reação de Taiwan à Covid em termos de governança e economia e afirmou que queria que as conquistas da ilha fossem conhecidas em todo o mundo.
Pelosi também expressou seu desejo de expandir os laços interparlamentares entre os EUA e Taiwan. “Queremos expandir a cooperação e o diálogo interparlamentares. E estamos fazendo isso no momento em que nosso presidente lançou a Iniciativa Ásia-Pacífico, que apoiamos”, observou.
No final do dia, ela se encontrou com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que disse na reunião que as autoridades da ilha não recuarão diante das ameaças militares. “Vamos defender firmemente a soberania de nossa nação e continuar mantendo a linha de defesa da democracia ao mesmo tempo”, prometeu.
Tsai também deu a Pelosi uma medalha em reconhecimento ao seu serviço à ilha e expressou seu respeito por quanto tempo ela lutou pela liberdade, democracia e direitos humanos. Por sua vez, Pelosi afirmou que o objetivo de sua viagem era “deixar inequivocamente claro que não abandonaremos nosso compromisso com Taiwan”.
Em um comunicado divulgado na terça-feira, ela indicou que sua viagem “honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan”.
“A visita de nossa delegação do Congresso a Taiwan honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a vibrante democracia de Taiwan”, disse a deputada. “A solidariedade da América com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia”.
Pelosi chegou a Taiwan na terça-feira, desafiando uma série de advertências e ameaças bélicas da China, que considerou a visita uma séria provocação, já que reivindica Taiwan como seu território.
A gravidade da situação decorre do fato de Pelosi ser a autoridade eleita mais proeminente dos EUA a visitar Taiwan nos 25 anos anteriores, já que ela é a terceira na fila para suceder o cobiçado assento presidencial.
Mas, para o governo de Pequim, a visita de Pelosi “violou seriamente o princípio de uma só China” e “violou maliciosamente a soberania da China”, segundo o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. Na avaliação dele, os EUA eram o “maior destruidor da paz e da estabilidade regional no Estreito de Taiwan”.
Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da China convocou o embaixador americano Nicholas Burns e ameaçou que Washington “pagará o preço”. A visita de Pelosi a Taiwan teria sido contestada pelo governo Biden, mas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que ela era livre para viajar para onde quisesse. No entanto, os EUA declararam que sua política em relação a Taiwan não mudou.
Pequim considera a ilha sua província e sempre se opõe a qualquer contato entre representantes de Taipei e autoridades em exercício, especialmente de alto escalão, ou militares de países com os quais a China mantém relações diplomáticas.