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Pergunta em Brasília, sem resposta. Dilma vai cumprir o mandato?

Em Brasília, a pergunta que não quer calar é: a presidente Dilma Rousseff terá condições de chegar ao fim do seu segundo mandato, em dezembro de 2018? Daqui a três anos e seis meses, portanto. São além de sombrios os horizontes à sua frente.

As possibilidades de ela recolocar o Brasil nos trilhos dão sinais de insuperáveis. A herança maldita do seu primeiro mandato é muito pior do que imaginavam os economistas e cientistas mais pessimistas. O ajuste fiscal está descontrolado.

A inflação se aproximando dos 10%, o desemprego crescendo vertiginosamente. Os alimentos básicos já começam a ficar escassos nas mesas das populações de baixa renda.

Os sinais emitidos pela economia mundial são muito desfavoráveis ao Brasil.

Tem ainda as investigações da Operação Lava-Jato se aproximando do Palácio do Planalto. São fortes os indicativos que recursos milionários desviados criminosamente da Petrobras teriam abastecido a campanha da reeleição de Dilma, em 2014.

Ela tem contra seu governo a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Seu crédito junto ao empresariado nacional está próximo de zero. Sua popularidade despencou para 9%.

Michel Temer que surgiu como a salvação do governo está sendo pressionado pelo seu partido, o PMDB, a abandonar sua missão de fazer intermediação com o Congresso Nacional. O ex-presidente Lula, que inventou Dilma Rousseff, dá sinais de desencantos em relação a ela e seu governo. Ele acha que ambos não têm mais salvação.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, assim definiu o atual momento político: “Dilma está sozinha. Ela já não conta sequer com o apoio do PT e de Lula. Ela está muito isolada e isso não é bom institucionalmente”.

As lideranças do PSDB, na convenção do partido, fizeram declarações apostando na saída breve da presidente Dilma do governo. “Esse grupo político está caminhando a passos largos para a interrupção do mandato”, disse o senador Aécio Neves. O ex-presidente FHC foi duro: “O Brasil foi quebrado pelo PT, pelo lula-petismo”.

Ante tantas incertezas e previsões pessimistas, os partidos e políticos experientes falam abertamente que já chegou o momento de se pensar num Brasil sem Dilma.

O problema é como afastá-la e quem assume.

Uma das apostas seria a formação de um governo de “salvação nacional”, sob o comando do vice-presidente Michel Temer. O ministério seria composto de nomes expressivos da política nacional do empresariado e da sociedade civil.

Um desses nomes poderia ser o do senador José Serra e até mesmo do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.

Na noite de segunda-feira, pressionada a renunciar, a presidente Dilma reuniu-se com líderes da base aliada, que ela ainda considera leais. Procura montar uma estratégia para defesa do seu mandato e o seu governo.

Cláudio Coletti

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