Cláudio Coletti
Mesmo com a acusação de ser portador de uma ficha suja que certamente conduziria qualquer brasileiro comum a uma condenação de dezenas de anos de prisão, o presidente Michel Temer conseguiu, a um custo de muitos malabarismos e uso do dinheiro público, levar a Câmara dos Deputados a arquivar duas denúncias criminais contra ele, promovidas pela Procuradoria-Geral da Republica.
A primeira foi de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A segunda denúncia era pela pratica dos crimes de obstrução de justiça e liderança de organização criminosa.
Temer livrou-se das duas acusações, embora momentaneamente, e vai continuar governando o Brasil pelos próximos 14 meses, até 31 de dezembro de 2018. Mas ele sabe que, a partir do dia 1º de janeiro de 2019, terá que explicar no Poder Judiciário todos os crimes denunciados pela PGR e não levados em conta por suas excelências, os deputados federais. E isso foi possível porque a Constituição estabelece que presidente da República só pode ser processado por crime que praticar no exercício do seu mandato.
Justamente pelos malfeitos que praticou ao longo de sua carreira politica é que o presidente Temer tem o reconhecimento de apenas 3% da sociedade brasileira. É considerado o pior presidente entre todos os que governaram o Brasil em toda sua historia.
Hoje, se faz em todo País, a seguinte indagação: como será o governo Temer nos próximos 14 meses?
O cenário politico se apresenta como bastante sombrio. A base aliada na Câmara e no Senado está em frangalhos. Os deputados e senadores, pulando da embarcação governamental em busca de maiores possibilidades de reeleição. Os partidos, sem exceção, todos eles em crise interna. E para agravar essa situação vem a escassez de recursos para turbinar as campanhas eleitorais. Que se soma com a baixa credibilidade dos políticos junto à sociedade. Esse desprezo chegou ao ponto de se ensaiar nas redes sociais um movimento no sentido de convencimento dos eleitores a não votarem em nenhum candidato que já ocupe cargo politico nos dias de hoje.
É neste cenário de desencanto com os políticos é que o presidente Michel Temer vai precisar desenvolver uma engenharia politica para levar avante votações de importantes reformas para recolocar o pais na rota do crescimento. A principal delas é a reforma da Previdência. Se não se domar o rombo previdenciário não terá como o governo ter êxito no controle dos gastos públicos. Só para este ano o déficit previdenciário ultrapassara R$ 82 bilhões. O Palácio do Planalto já admite aceitar uma mudança previdenciária mais enxuta, para convencer a base aliada a aceitar algumas mudanças. O governo já se convenceu que só assim conseguirá levar a vota tal reforma. Os parlamentares já também se convenceram que mudar a Previdência representa voto a menos nas urnas em outubro de 2018.
A estratégia do Palácio do Planalto é apenas tentar mudar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos para homens e 62 para as mulheres, além de estabelecer uma regra de transição e cortes de alguns privilégios que se apresentam como escandalosos.
Quer o governo criar um clima de pagina virada após as duras batalhas que teve de travar para convencer a Câmara dos deputados a sepultar as duas ações patrocinadas pela PGR.