Adriana Garibaldi
Quantas vezes você será capaz de rasgar o outro e tentará costurá-lo?
Você vive em um enfrentamento contínuo com aqueles que lhes são mais caros e preciosos, enfrentamento onde os laços que foram criados se transformaram em prisões sem grades onde se debate inutilmente, na tentativa de desvencilhar-se. Uma guerra continuada onde o amor foi camuflado e negado, se tornando apego, medo e raiva.
Amor que deveria, e que de fato é uma oportunidade rara para descobrir o melhor de você mesmo, virou motivo de sofrimento quando deveria ser de felicidade.
Já se perguntou o que tem feito a cada dia com seu amor, esse tesouro do coração que carrega? O que fez com a oportunidade de amar incondicionalmente, de ser assertivo ao expressar seu amor e fazê-lo saber a uma outra pessoa com natural encantamento? Às vezes a insuficiência de tato faz com que outro precise armar-se com medo, pelo temor de ser ferido mortalmente pelo amor que você tem para lhe oferecer.
Na maior parte do tempo a falta de brandura acaba virando motivo de disputa, como se a manifestação dos sentimentos fosse um verdadeiro assalto.
Duas únicas palavras bastariam: “TE AMO”, e uma força imensurável de transformação seria posta em movimento, modificando sua escuridão mais profunda em luz mais radiante. Contudo, sabemos que não é bem assim que acontece, não como as coisas são, porque ainda sendo o amor assim, simples, quando essas duas palavras são ditas com o coração na garganta, você não é capaz de dizer, ou se diz, elas por vezes se tornam superficiais ou inoportunas, inadequadas mesmo, por uma simples razão, o preconceito do outro, seu próprio preconceito ou a inibição em expressar de forma simples a sua verdade.
Você precisa atravessar os muros que ergueu, ou que sua educação deficiente ergueu em volta de si. Poderá assim ser capaz de realizar essa travessia e perceber o quanto aqueles muros são imateriais, feitos de uma substância transformável.
O amor é a sua chave dourada, sua varinha de condão capaz de abrir suas trancas internas e o libertar.
Observe as muitas distorções que tem criado nesse processo, vestindo o amor com algumas vestimentas inapropriadas. Ele já se tornou apego, medo, desconfiança, se tornou desprezo e até desespero, quando não correspondido; se tornou até ódio… muitas são as facetas com que acabou vestindo ou camuflando o amor. Enlameando sua joia rara, deixando-a opaca, ocultando seu brilho de pura beleza original.
Existem muitos preconceitos ao redor de um simples TE AMO, preconceitos que tem muito mais a ver com a mente aprisionada das pessoas do que com um coração livre.
Contudo, amor é amor, e continua sendo aquilo que é em essência, livre para ser sentido e vivenciado com leveza, contudo, você o tem transformado em um algoz para si mesmo, pelo simples medo do sentir sem medo.
Às vezes precisamos ser capazes de ir até o fim para por fim a tudo que nos baliza, tudo que nos põe medo, culpa, que nos faz inadequados, sem relação com a nossa realidade.
Somente o amor tem uma qualidade própria e inerente, a transformação, transmutando os medos e as inibições para permitir-nos gritar aos quatro ventos a nossa verdade, sem medo de sermos julgados ou rotulados por isso.
“Ah insensato coração. Porque me fizeste sofrer. Porquê de amor para entender. É preciso amar,…”.
Você pode pedir sensatez à mente mas não ao coração, porque isso seria impossível, ele é insensato por natureza e transformador por direito adquirido.
Quer maior poder transformador que o da própria vida que se renova em diferentes corpos, que chegam ao mundo todos os dias vindos de outros planos pelas portas do amor?
Não tenha medo de amar, mesmo de amar a quem não pode ou não quer retribuir. Ame mesmo assim, sem medo, sem culpa, nem auto preconceito e principalmente se dê amor, como sendo o único remédio capaz de curá-lo e transformá-lo em uma criatura melhor.