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Pernambuco, com governo medíocre e vias ruins, vê voar 2 bilhões dos turistas

Com o verão batendo às portas, e quando os turistas desembolsam cerca de R$ 2 bilhões no estado, o Governo de Pernambuco ainda negligencia a atenção para o turismo deixando quase intransitáveis as rodovias de acesso às praias do Litoral Sul, destino mais procurado pelos visitantes que são responsáveis por cerca de 80% dessa receita.

Com a proximidade do verão, as rodovias estaduais de acesso às praias dos municípios do Cabo de Santo Agostinho (Paiva, Itapuama, Pedra do Xaréu, Enseada dos Corais, Gaibu, Calheitas e Suape) e Ipojuca (Muro Alto, Porto de Galinhas, Gamboa, Serrambi, Cupe, Toquinho e Maracaípe) continuam esburacadas, sem acostamento nem sinalização.

Essa situação joga os turistas para as duas estradas pedagiadas do estado – Rota dos Coqueiros. que dá acesso às praias de Cabo de Santo Agostinho, e Rota do Atlântico, remetendo os visitantes às praias do Ipojuca. Na Rota dos Coqueiros o custo do pedágio para um carro de passeio é de R$ 9,00 nos dias úteis e de R$ 13,50 nos feriados e finais de semana, enquanto na Rota do Atlântico o valor único é de R$ 10,70.

Para evitar o pedágio, o caminho para chegar às praias do Litoral Sul passa pela PE-60, rodovia estadual que liga o Cabo de Santo Agostinho a São José da Coroa Grande, na divisa com Alagoas, mas que tem somente 20 dos seus 86 quilômetros duplicados.

O acesso às praias do Cabo de Santo Agostinho, a partir da PE-60, é feito pela PE-28. Com extensão de 12 quilômetros, a PE-28 está em péssimo estado de conservação, com muitos buracos, sem sinalização vertical nem horizontal, sem acostamento ou iluminação.

A rodovia tem um grande volume de tráfego, por onde transitam dezenas de ônibus que fazem o transporte público ligando a sede do município do Cabo aos bairros e praias de Itapuama, Enseada dos Corais, Gaibu, Calheitas e Suape.

Também trafegam na PE-28 ônibus de transporte escolar e grande número de veículos particulares e caminhões. Essa movimentação de veículos exige muita atenção dos motoristas, pois além da falta de conservação e de sinalização, a rodovia tem apenas uma pista, dividindo o tráfego em duas mãos, com os veículos cruzando muito próximos uns dos outros.

Evitando o pedágio, é também pela PE-60 que se chega às praias do município do Ipojuca. Para chegar a Muro Alto, Cupe, Porto de Galinhas e Maracaípe pega-se a PE-38 para Nossa Senhora do Ó e depois a PE-09, rodovias igualmente sem conservação e com os mesmos problemas da PE-28, esburacadas, sem sinalização e grande volume de tráfego. Pela PE-09 também se chega a Serrambi e Toquinho.

Outra praia muito procurada no Litoral Sul é a de Carneiros, onde se chega pela PE-72 saindo da PE-60. Mas a PE-72 padece dos mesmos problemas das outras rodovias ligadas à PE-60, com muitos buracos, falta de acostamento e de sinalização vertical e horizontal nas duas mãos da pista única.

O presidente da Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo), Eduardo Loyo, festeja os R$ 2 bilhões que o turismo no litoral deixa no estado, mas se engana ao afirmar que essa receita “é fruto de todo um trabalho que vem sendo feito em pouco mais de um ano da nova gestão”.

Na mesma linha, o secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Paulo Nery, afirma que “esses resultados demonstram o sucesso das políticas públicas e iniciativas promovidas pela governadora Raquel Lyra. Todo esse esforço tem como objetivo fortalecer o setor turístico, gerar emprego e renda, e promover o estado como um destino sem igual no Brasil”.

Na verdade, isso tem a ver com a recuperação da atividade turística como um todo após a pandemia da Covid-19, tanto que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirma que em 2023 o estado atraiu 633 mil viagens domésticas, número 71% maior que o registrado em 2021 – quando o mundo vivia a pandemia – e 370 mil turistas escolheram destinos pernambucanos.

Segundo ministro do Turismo, Celso Sabino, a atividade turística está em plena ascensão no Brasil, tanto que a pesquisa do IBGE aponta a realização de 21,1 milhões de viagens pelos brasileiros em 2023, número 71,5% (crescimento igual ao de Pernambuco) maior do que o observado em 2021 (12,3 milhões). A grande maioria (97%) escolheu destinos nacionais, injetando R$ 21 bilhões na economia do Brasil.

A Empetur faz campanhas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília e, a nível internacional, na Argentina, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Uruguai, Panamá e Paraguai para atrair turistas para Pernambuco, mas quando chegam ao estado esses turistas enfrentam o desconforto e o risco de acidentes na malha rodoviária do estado para chegarem às suas principais praias.

A situação do turismo em Pernambuco é tão crítica que na última eleição municipal a governadora Raquel Lyra deslocou seu então secretário de Turismo, Daniel Coelho (PSD), para disputar a Prefeitura do Recife só para desidratar vitória do prefeito reeleito João Campos (PSB), seu virtual adversário no pleito estadual de 2026, quando ela tentará a reeleição.

Mas o desempenho de Coelho foi muito fraco, amargando um quarto lugar, com pouco mais de três por cento dos votos válidos, que em nada afetou a musculatura de João Campos para o pleito de 2026. Esse resultado espelhou mais a sua gestão à frente da Secretaria de Turismo do Estado, tão medíocre quanto sua participação nas urnas.

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