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Pernas-de-pau batiam, mas Rei nunca parava

Nestes tempos em que o Atlético Mineiro voltou a ser protagonista, nada mais justo do que recordar o maior craque da sua história. Aliás, recordar é modo de se falar, pois o país e o mundo, especialmente os atleticanos, jamais se esqueceram daquele camisa 9 que desconcertava qualquer zagueiro.

Reinaldo, ou simplesmente Rei, como a torcida berrava para quem quisesse ou não ouvir, já não tinha meniscos, já não tinha joelhos, talvez já nem tivesse mais pernas, que foram brutalmente agredidas por tantos e tantos pernas de pau.

No entanto, ele não precisava de pernas, pois a sua inteligência parecia dominar a bola, que, serva total, atendia aos desejos do Rei, que reinava absoluto dentro na grande área como ninguém jamais o fez.

Não conheço outro centroavante tão habilidoso, tão genial, tão bom de bola como o Rei. Alguém poderia apontar um ou outro em virtude do físico mais robusto, das arrancadas que deixavam os adversários comendo poeira, do sucesso em clubes pela Europa. Mas nenhum deles, nenhum deles mesmo, teve a genialidade do Rei.

Um torcedor mais afoito poderia citar um grande artilheiro, famoso por dribles num espaço de um metro quadrado. Pois eu lhe digo que isso é um latifúndio quando se pensa no Rei, que não precisava nada além do que a circunferência da bola para surpreender a todos, inclusive os apaixonados sentados na arquibancada, com mais uma jogada incrível.

A cada gol marcado, lá estava o Rei parado, braço erguido, em plena Ditadura Militar. Pois é, para ele, que também tinha que encarar o pessoal da farda, fazer aquelas diabruras em campo era até fácil. É óbvio que ele também teve pela frente juízes pouco confiáveis, que apitavam para o time do governo. Mas nada disso importa, pois as imagens estão aí para serem vistas e revistas.

Ele saiu bonito na fita. Ficou feio mesmo para quem tentou burlar as regras em campo e fora dele. Não há dúvida de que o Reinaldo é o maior centroavante da Terra. Se bem que, para muitos, ele veio de outro planeta, pois o Rei tinha poderes de fazer a bola levitar, de cair repentinamente ao seu comando, de colar como um ímã no seu pé, toda aos seus pés. A redonda sabia, claro que sabia, que ele era o Rei. E vida longa ao Rei!

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