Protagonismo pró-Bolsonaro
Pesquisa da Globo vira alvo de Paula Belmonte
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emEnquanto o presidente Jair Bolsonaro e seus correligionários insistem em combater veículos de comunicação, institutos de pesquisas, agências de publicidade contratadas em governos passados, com torpedos eletrônicos vencidos do arsenal da campanha eleitoral igualmente vencida, seus inimigos ganham força.
A receita é simples, se quiser a eficácia: veículos de comunicação passam a receber pela cobertura e público que atingem. Ponto. Institutos de pesquisa, que gozam da desregulamentação descarada do setor, devem ser enquadrados. Ponto. Agências de publicidade podem ter seus contratos cancelados. Ponto.
Vida nova, novos parâmetros, e arsenal de comunicação devidamente profissionalizado.
Os noticiários da TV Globo e do G1 repercutiram nesta segunda-feira, 3, uma pesquisa do Ibope realizada entre 16 e 19 de março último, sobre a opinião púbica acerca da posse e do porte de armas. Verificação caduca.
Após esse período, um exemplo prático do efeito de pessoas honestas estarem armadas para defesa de seu patrimônio e família, foi dado por uma mulher de 47 anos, treinada para atirar, pequena comerciante de Blumenau, em Santa Catarina, ao salvar o marido de um assaltante.
A cena documentada em vídeo deixa claro que a defesa é um direito. Ela acertou o assassino com um tiro nas costas, de forma precisa, equilibrada, quando seu marido foi ameaçado. E nem executou o desgraçado, só deu um tiro e conteve a obrigação moral de descarregar o tambor na cabeça do assassino.
Se a cena tivesse a mesma repercussão, nos mesmos canais que divulgaram a pesquisa vencida do Ibope, com âncoras-atores de telejornais, parangolés e computação gráfica, usada para combater o governo Bolsonaro, hoje institutos de verificação isentos coletariam outros índices.
Sobre isso, foi publicado no G1: “Uma pesquisa do Ibope realizada em março, após o primeiro decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizou a posse de armas, diz que 73% dos entrevistados são contrários à flexibilização de porte para cidadãos comuns e 26% são favoráveis. 1% não souberam ou não responderam (sic).”
E vem a seguinte informação no portal eletrônico que na TV ninguém viu: “A pesquisa do Ibope foi realizada entre 16 e 19 de março, antes de dois decretos editados pelo governo com foco no porte de armas. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 143 municípios.”
Quais pessoas foram ouvidas? Quais os bairros das 143 cidades foram visitados? São pessoas que habitam favelas, dominadas por criminosos, ou pela classe média, rural, trabalhadora? Duas mil pessoas representam 50 milhões de votos? Que aferição é essa?
Os institutos de pesquisas, aliados a grandes grupos de comunicação, fazem o que bem entendem e influenciam a população para quaisquer disparates que desejem. Não faltam denúncias sobre manipulações milionárias e criminosas no setor de pesquisas, que pode não ser o caso. Essas empresas curiosamente nunca foram objeto de operações da Polícia Federal. Até agora.
Agora mesmo há uma discussão entre o ministro Osmar Terra e a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, sobre a epidemia de drogas. Faltam regras objetivas. Existem institutos competentes, que atendem setores privados que não admitem erros, em todo o mundo. O Palácio do Planalto não tem até o momento nenhum contratado. Um erro. É necessário combater índices duvidosos, vencidos, manipulados, desmascarar esse método execrável de trazer audiência.
O antídoto só pode ser um marco regulatório para o setor. Essa proposta foi feita por um colaborador de Notibras, que não quer ser identificado, à deputada Bia Kicis (PSL-DF) nos primeiros dias da atual legislatura. Preocupada à época em assumir a presidência da CCJ e a liderança do governo, achou o assunto menor. E o sonho de liderar, presidir, virou pesadelo..
Resignado, o autor da ideia recorreu a outra parlamentar, mais preocupada com a obrigação do cargo que recebeu para representar a população do Distrito Federal. Prontamente ela decidiu ouvir sobre o tema e será a responsável pela proposta. Entendeu que essa ciência não pode ser instrumento de manipulação, especialmente em eleições, quando as empresas recebem a chancela oficial do TSE para divulgar e mentir, impunemente, o que for de seu interesse, sem punição por “erros” suspeitos, muito acima das margens que contrariam a equação científica.
A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania, ex-PPS) está disposta a corrigir um canal de fraudes histórico e já tem em mãos a proposta de um marco regulatório para o setor. Será dada a oportunidade aos profissionais estatísticos sérios, determinando o fim de empresas que usam ou são usadas para enganar a opinião pública.
Assim caminha a humanidade pesquisada. Antigos manipuladores e mercadores de dados podem contar os dias. Se é que sabem contar. Data, not just money.