Engana-se quem irá decidir seu voto pela bula das pesquisas eleitorais. Se esses levantamentos indicam que o eleitor brasileiro não se sente representado pelos políticos e defende renovação, as grandes doações eleitorais na campanha deste ano não apontam para o mesmo sentido, ou seja, a nação agonizante em sua crônica doença da corrupção, permanecerá sem um remédio eficaz para o seu combate.
Na disputa por uma vaga no Congresso, a maior parte das doações está indo para as mãos de quem já tem mandato. O destino dessas doações, em sua maioria, vai para as pesquisas eleitorais que, na base desses mandatários, apimentam o frenesi do voto.
O simples mortal, eleitor do candidato-estreante em pleito eleitoral se, por um milagre do destino, é abduzido em plena avenida para opinar seu voto e, feliz, fala nome e número do seu preferido para limpar a sujeira do país ou, quem sabe, melhorar mesmo o que ai está posto, tem logo uma surpresa desagradável: o nome e número do seu candidato não está na base de dados daquele pesquisador oficial.
– Mas como?!? Arregala os olhos o incrédulo entrevistado.
– Sem problemas, diz o pesquisador, sacando imediatamente uma folha com uma lista de nomes de candidatos. A seguir, começa a indicação do remédio genérico para a doença crônica que aflige o país, o Estado, a cidade.
– Não! Esses aí não, retruca o pesquisado.
– Tudo bem. Vou colocar aqui sua opção em outros ou não sabe em quem votar, responde o pesquisador.
E assim segue a intenção de votos no horário nobre da TV, no rádio, em jornais, revistas: nulos/brancos, não sabem, não vota de jeito nenhum, são maioria, se não esmagadora, beiram a insatisfação do eleitorado com o que se apresenta para melhorar e fazer do Brasil o País que a sociedade deseja.
Pesquisa eleitoral é como aplicativos de paquera: ajuda o eleitor a escolher seus candidatos, mas, a aproximação com o que o país precisa pode não ser o que o eleitor deseja. Ou seja, “o par perfeito” entre eleitor e candidato, se depender das pesquisas eleitorais, está longe de um final feliz.
A pesquisa eleitoral pode ser só combinação entre quem as financia e quem será usado para continuar tudo como “Dantes no quartel de Abrantes”. Porém, o match só acontece quando há interesse mútuo. Nesse caso, o eleitor quer um Brasil diferente, embora as pesquisas eleitorais apresentem personagens que querem o Brasil de sempre.
Pesquisa eleitoral nos faz lembrar Ariano Suassuna, quando diz que “ao redor do buraco tudo é beira”, pois, “existem sempre três tipos de mentira: a mentira comum, a mentira deslavada e a mentira estatística”.