A flor do silêncio
Pétalas que não surgem à luz, mas crescem no reflexo de cada olhar

No jardim onde o vento adormece,
E a madrugada veste seu manto de gelo,
Floresce uma pétala invisível,
Suave como o sopro de um segredo.
Nascida na sombra da alma,
Onde a voz se perde em ecos distantes,
Onde as palavras repousam em seu leito,
E o tempo se esconde, eterno e quieto.
É branca como a lua que vela os céus,
Mas em seu coração adormecido,
Guarda o fogo de mil vozes silenciadas,
Fagulhas que nunca ousaram ser ouvidas.
Seu aroma não carrega fragrância,
Seu toque é como o ar que escapa,
Somente aqueles que sabem ouvir
Descobrem sua melodia escondida.
A flor do silêncio jamais perece,
Vive no suspiro da brisa tranquila,
No murmúrio das montanhas serenas,
Na espuma que dança sobre as ondas.
Ela não teme o peso dos anos,
Nem se curva sob o fardo da saudade.
Desabrocha na noite mais profunda,
Sob o céu tingido pela esperança.
Se um dia cruzar seu olhar com ela,
Pouse e sinta sua essência.
Na quietude infinita de suas pétalas,
Habita a voz de tudo que foi ausente.
E se uma lágrima sua cair,
Sobre sua coroa branca e etérea,
Não se assuste, pois sua raiz
Se alimenta das almas que choram.
É a flor que nunca surge à luz,
Mas cresce no reflexo de cada olhar.
Desabrocha em segredos não ditos,
E se desfaz no silêncio de cada palavra.
