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Petrobras, um vulcão em erupção em meio a muitos rolos

A Petrobras está vivendo um inferno astral. Ela enrolou-se em nebulosas ações desenvolvidas ao longo dos últimos dez anos, período em que foi controlada de perto por Dilma Rousseff, como ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil do governo Lula e hoje presidente da República.

Estourou na semana passada o escândalo da compra pela estatal brasileira de uma refinaria em Pasadena (Texas), nos Estados Unidos. Em 2006, a Petrobras pagou 360 milhões de dólares por 50% dessa refinaria, que havia sido adquirida, no ano anterior, pela empresa belga Astra, por apenas 42 milhões de dólares.

Em 2012, veio à bomba para os cofres da estatal brasileira: a empresa belga resolveu vender a parte dela no negócio, e de acordo com o contrato entre as duas empresas, a Petrobras foi obrigada judicialmente  a comprar os outros 50% da refinaria de Pasadena, pelo valor de US R$ 1.18 bilhão –aproximadamente R$ 2.76 bilhões. Hoje, a estatal só consegue vender a mesma refinaria por menos de 100 milhões de dólares. Uma história estranhíssima, que  a sociedade brasileira quer vê –la esclarecida com a indicação dos responsáveis pelo imbróglio. E deles cobrar os prejuízos.

A presidente Dilma Rousseff veio à público para explicar que, como presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, deu seu aval para as negociações porque se guiou por informes  ‘’incompletos’’ e num parecer ‘’ técnica e juridicamente falho’’. Ela, assim, jogou o malfeito para a responsabilidade do então presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e seu diretor internacional Nestor Cerveró. Gabrielli veio a publico para dizer que ela, Dilma, tinha sim ciência de todos os detalhes da transação. Na sexta –feira, Cerveró, que está em férias na Alemanha, foi exonerado do cargo de diretor de Finanças da BR Distribuidora. Uma tentativa do Palácio do Planalto para estancar a crise. E reduzir a repercussão do tiro no pé dado pela presidente, conforme a expressão do ex-presidente Lula.

A oposição entrou em campo e quer a instalação de uma CPI no Congresso Nacional para estudar a fundo toda historia. Investigações estão também sendo feitas pelo Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Policia Federal. Na semana passada, foi preso, no âmbito da operação Lava Jato, o ex –diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Ele é suspeito de ter elaborado  pareceres favoráveis à compra da refinaria de Pasadena.

A Petrobras está enrolada em outro escândalo, que já está sendo investigado por uma comissão externa  de deputados criada na Câmara, por proposta da oposição. A comissão vai à Holanda para conhecer melhor as denúncias  de que uma empresa daquele país teria dado propinas à funcionários da Petrobras, para ter vantagens na instalação de plataformas petroleiras em águas brasileiras.

Não bastassem essas denúncias, o jornalista Élio Gaspari revelou, em artigo na Folha de São Paulo, que a perda do valor de mercado da Petrobras e da Eletrobrás, juntas, já batem em 100 milhões de dólares desde a posse de Dilma, em janeiro de 2011.

Há outros investimentos duvidosos, como a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em parceria com a Venezuela PDVSA, que abandonou a empreitada. Custaria R$ 2,3 bilhões, mas está em US$ 20 bilhões. Novas refinarias no Maranhão, Ceara e Rio de Janeiro não saíram do papel. A refinaria de Nansei, no Japão, que custou U$$ 71 milhões, também é considerada um péssimo negócio, endossado por Dilma Rousseff quando presidia o Conselho. Além disso, o governo segura o preço da gasolina para controlar a inflação. As ações da empresa se desvalorizam em mais de 50% nos últimos oito anos.

O tombo da petrolífera ficou evidente com a lista divulgada pelo FINANCIAL TIMES, de Londres, sobre o valor de mercado de empresas de países emergentes. Há um ano, a Petrobras ocupava a 48º posição e, há cinco anos, a 12º.

Por tudo que relatamos acima, só resta uma saída para a Petrobras: passar por uma  ampla  e séria faxina. Certamente será destampada uma latrina do tamanho do Brasil e não haverá cadeias suficientes para receber tantos responsáveis por todas mazelas praticadas na outrora empresa orgulho nacional.

Cláudio Coletti

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