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Petróleo desaba e Iraque chia, mas por aqui Petrobras vai lucrando e aplaudindo

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O ministro do Petróleo do Iraque Adel Abdul-Mahdi afirmou que o preço do petróleo está “muito baixo” e disse esperar que as cotações já tenham alcançado a mínima. Nos bastidores da reunião da Organização dos Países Árabes Produtores e Exportadores de Petróleo (Oapec, na sigla em inglês), que acontece no Cairo, ele disse que “os preços certamente irão subir. A questão é quando”.

Mas, do lado brasileiro, a história é outra. Aqui, a Petrobras comemora a queda livre que vai garantir bons resultados neste trimestre para a área de abastecimento da Petrobras, responsável pela venda de combustíveis no Brasil. Nesta semana, o barril do petróleo chegou a ser negociado abaixo de US$ 35, patamar perdido desde 2009. Pelos cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a petroleira já ganhou R$ 8,3 bilhões com a diferença entre os preços praticados no exterior e no mercado interno entre janeiro e outubro deste ano.

Corte na produção – O Iraque, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), vem extraindo grandes volumes do combustível para aumentar o orçamento apertado por causa da queda do valor da commodity e dos altos custos da guerra contra o Estado Islâmico. Abdul-Mahdi não sinalizou se o Iraque vai reduzir a produção para sustentar os preços, mas afirmou que “há uma pressão sobre os países árabes e sobre a Opep pelo corte na produção, para que outros países fora da organização possam obter maior participação no mercado”.

Na mesma reunião, o ministro de Energia do Qatar, Mohamed bin Saleh al-Sada, afirmou que a atual situação do mercado de petróleo e os preços baixos são um obstáculo para a realização de projetos de desenvolvimento da indústria de energia no país. “O descompasso entre oferta e demanda aumentou, o que levou a uma queda acentuada dos preços a mínimas recorde”, disse ele.

“A situação atual se tornou um desafio para os planos de desenvolvimento. No entanto, não há espaço para pessimismo aqui. Temos uma realidade e precisamos lidar com ela”, explicou.

Segundo ele, contribuem para essas dificuldades o aumento da oferta de petróleo de projetos não convencionais de alto custo e a desaceleração da economia mundial.

Mais ganhos – Atualmente, a Petrobras garante um prêmio de 32,4% com as vendas de gasolina e de 44,8% com as de óleo diesel no País. A conta considera a última divulgação feita pela US Energy Information Administration (EIA) em 7 de dezembro. A expectativa é que os ganhos tenham avançado ainda mais nos últimos dias, com a continuidade da desvalorização no preço do barril de petróleo no exterior. Diante de um cenário mais lucrativo, a pressão sobre a atual diretoria para um reajuste nos preços dos combustíveis sai de cena.

Ainda que lá fora a cotação não pare de cair, a Petrobras não tem intenção de favorecer o consumidor neste primeiro momento, equiparando os preços internos aos do mercado internacional, onde compra parte da gasolina e do diesel que vende no Brasil. O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a estatal deve continuar perseguindo a política de ignorar as oscilações pontuais e esperar que o barril se estabilize em algum patamar para só então decidir mexer nos seus preços.

Por enquanto, segue recuperando perdas acumuladas nos últimos anos, por praticar valores menores do que os do mercado internacional, o que contribuiu para que o governo conseguisse segurasse a inflação. De janeiro de 2011 a novembro de 2014, a Petrobras perdeu R$ 57,6 bilhões – R$ 17,2 bilhões com a gasolina e R$ 40,4 bilhões com o diesel -, segundo o CBIE, por subsidiar os preços internos dos combustíveis. O cenário se inverteu com a queda da cotação no fim do ano passado e com os reajustes concedidos pela atual administração da empresa. O último foi em 30 outubro.

“O dinheiro que a Petrobras deixou de arrecadar (por manter os preços internos) equivale ao aumento da sua dívida líquida de 2011 a 2014. Mesmo que, desde novembro do ano passado, pratique preços mais altos do que os do mercado internacional, ainda assim está longe de recuperar o que perdei. Alinhar os preços, hoje, significaria colocar a empresa em uma situação ainda mais difícil do que a que está”, avalia o professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ Edmar Almeida.

Além da cotação do barril, as finanças da Petrobras são afetadas também pelo câmbio, ressalta o especialista. Se por um lado o preço do petróleo ajuda a empresa a ter um resultado financeiro melhor na área de abastecimento, a valorização da moeda americana em relação ao real compromete o balanço da empresa. “Como a Petrobras está endividada em dólar e também tem custos dolarizado, o que conta é o preço que obtém em dólar pelo barril que produz”, destacou Almeida.

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