Embora o Peugeot 3008 chame a atenção pelo visual moderno, faltavam itens de segurança comuns no segmento. Agora, o francês ganhou uma versão mais completa, Griffe Pack, que incluiu sensor de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo e monitor de faixa de rolamento. A tabela é de R$ 154.990 e o motor, o conhecido 1.6 turbo de 165 cv.
A nova opção deixou o 3008 mais próximo em conteúdo e preço do novato no segmento no País, o Equinox, que é feito no México. Mas o utilitário da Chevrolet custa R$ 155.990 e traz, além de amplo conteúdo de segurança, um poderoso motor 2.0 turbo de 262 cv.
Além de ser 97 cv mais potente que o rival, o Equinox é mais espaçoso para os passageiros e tem tração integral, não disponível no Peugeot. Mas mesmo assim, a vitória do Chevrolet não foi por ampla margem.
O 3008 contra-ataca com interior refinado, acabamento primoroso e bagageiro maior que o do concorrente. O porta-malas do francês tem 520 litros de capacidade, ante 468 l do mexicano, cuja tampa tem abertura elétrica.
Os dois carros são muito bem equipados. Ar-condicionado de duas zonas, bancos de couro com ajustes elétricos, teto solar e rodas de 19 polegadas são de série em ambos.
Requintado, o 3008 é mais bem acabado que o Chevrolet e tem materiais de melhor qualidade na cabine. O revestimento do painel mistura couro e tecido e é adornado por LEDs. Eles contribuem para dar um ar vanguardista ao interior – ainda que as luzes em volta do teto solar sejam exageradas.
Só o Peugeot tem painel virtual configurável e massageadores nos bancos dianteiros, mas o sistema multimídia é mais complicado de usar que o do Equinox. Apesar de ter botões de atalho no painel, realizar tarefas simples, como ajustar a temperatura do ar-condicionado, requer duas ações. É preciso selecionar o atalho e depois acionar a função desejada. É fácil se acostumar, mas o painel do modelo da Chevrolet é mais direto e simples de usar.
O Equinox também acomoda melhor os passageiros de trás graças aos 5 centímetros a mais de entre-eixos e ao teto mais alto. Há mais espaço para pernas e cabeça dos ocupantes.
Se engana quem pensa que o jeito de “tiozão” do Equinox se reflete no modo como ele se movimenta. Com o 2.0 turbo de 262 cv, o Chevrolet parece ter dupla personalidade. Rodando sem pressa, ele é silencioso e confortável. Mas basta pisar um pouco mais no pedal do acelerador para o motor “acordar” e transformar o comportamento do modelo.
Provocado, o Equinox surpreende pelo excelente desempenho. As marchas curtas do câmbio automático de nove velocidades fazem o modelo disparar à frente e ganhar velocidade num ritmo impressionante, a despeito de seus mais de 1.600 quilos. Não é difícil fazer os pneus “cantarem” e o controle de tração entrar em ação. Isso é possível mesmo se o acelerador não estiver no fim do curso.
O 3008 não é lento, mas fica bem atrás do Chevrolet no quesito desempenho. O 1.6 turbo do Peugeot entrega bom torque em baixas rotações, o que garante arrancadas bem decididas. No entanto, o conjunto parece apenas suficiente para o utilitário, enquanto o 2.0 turbo sobra no Equinox.
O Peugeot ganha agilidade com o botão Sport (do câmbio de seis velocidades) acionado. Essa função deixa as respostas ao pedal do acelerador mais rápidas, pois a transmissão segura as marchas por mais tempo. Aliás, o comportamento do modo Sport poderia tranquilamente ser o padrão no 3008.
Ao menos, o Peugeot é mais econômico, cravando 11,5 quilômetros por litro de gasolina na estrada, segundo dados do Inmetro, ante 10,1 km/l do Equinox. Os números são próximos aos apontados no computador de bordo dos dois modelos ao longo da avaliação.
À primeira vista, o Equinox pode parecer ser mais um daqueles utilitários de origem americana, com suspensão macia e um V6 sonolento sob o capô. E, andando leve, ele até confirma essa suspeita. Mas foi só aparecer um espaço na faixa ao lado em meio ao trânsito urbano para o modelo apresentar sua outra faceta. A velocidade com que o Equinox “pulou” à frente do tráfego e se encaixou na fila mais rápida do trânsito surpreendeu e é um dos traços mais marcantes do modelo. E tudo isso vindo de um pequeno (para o tamanho do carro) 2.0. Tamanha ferocidade, guardadas as devidas proporções, faz lembrar quando achávamos um assombro um motor desse tamanho ter cerca de 200 cv, que já faziam os Volkswagen Tiguan do início da década “voarem” nas estradas. Há um novo dono das ruas, e dos estacionamentos de shopping. Fica a dica: se um Equinox surgir no retrovisor e vier se aproximando, é melhor abrir passagem.